Interdisciplinaridade no Comportamento Alimentar
Os nutricionistas Gabriela Maia e Dra. Dirce Sá e o médico nutrólogo Paulo Gusmão debateram sobre as práticas alimentares nos dias de hoje
Por Maitê Branco Kröeber
As nutricionistas Gabriela Maia e Dra. Dirce Sá e o médico nutrólogo Paulo Gusmão discutiram os fatores que compõem os distúrbios alimentares e questionaram os tipos de tratamentos para obesidade utilizados atualmente. A mesa foi mediada pela psicóloga e professora adjunta do Departamento de Psicologia da universidade, Sara Kislanov. O tema “Interdisciplinaridade no Comportamento Alimentar” foi abordado dia 3 de julho, durante o evento 2ª Jornada de Nutrição PUC-Rio, no ginásio da Universidade, na Gávea.
Gabriela destacou a importância de reconhecer as características envolvidas no ato de comer: tanto as fisiológicas (taxa metabólica, ação de neurotransmissores e hormônios), quanto as do alimento (sabor, textura), ambiente (temperatura, localidade) e “comedor” (renda, tipo de trabalho, regionalidade). Ela também ressaltou a necessidade de entender o tipo de informação a que aquele paciente tem acesso e explicou como, muitas vezes, até mesmo quem ele segue nas redes sociais pode contribuir para o desenvolvimento de hábitos alimentares não saudáveis.
A professora alertou sobre a influência das mídias no consumo e trouxe como exemplo a fiscalização que os nutricionistas sofrem quando o assunto é alimentação. Maia concluiu destacando alguns comportamentos alimentares de risco (preocupação exacerbada com os alimentos, jejuns prolongados e prática exagerada de exercícios físicos) que podem desencadear o desenvolvimento de patologias e transtornos alimentares.
Já a nutricionista Dra. Dirce Sá contou sobre a importância da comida no decorrer da história e enfatizou que “o alimento é uma forma de afeto”. Ela prosseguiu ao destacar as redes sociais como um dos maiores “fabricantes” de distúrbios alimentares e afirmou que os transtornos “apontam na direção da dificuldade que o sujeito pós-moderno tem de se organizar em torno do limite”.
A doutora também creditou a dificuldade de afeto, a relativização dos rituais e a fome emocional como uma das causas por trás desses transtornos. A nutricionista finalizou reforçando a importância da internalização do “não” como algo positivo e da experiência da equipe profissional no tratamento de sintomas alimentares.
O médico nutrólogo Paulo Gusmão falou sobre obesidade e ressaltou que é necessário ter consciência dos diversos fatores que a envolvem para que a intervenção seja feita de maneira adequada. Ele também alertou sobre a mortalidade das doenças crônicas não transmissíveis e frisou como são os genes que estão associados a diversas características ligadas ao comportamento alimentar.
Gusmão concluiu discordando da famosa frase “você é o que você come” e afirmando que o paciente que se submete a um tratamento para obesidade deve se sentir acolhido, a fim de exercitar o olhar interno e o amor próprio. No final da mesa, os palestrantes responderam às perguntas da plateia e debateram os temas entre si.
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