“Liderança efetiva não é questão de gênero”, afirma Co-fundadora e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin
Por Maitê Branco Kröeber
Anamaria Schneider, Sandra Soares, Marienne Melo e Cristiane Blanch (da esquerda para a direita) durante o FISWeek 24, no Rio de Janeiro | Foto: Karollyna Braz Gonçalves
A Co-fundadora e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, Sandra Soares, defendeu que uma liderança corporativa bem-sucedida deve se basear em uma boa preparação e não se resumir a uma questão de gênero. A farmacêutica de formação mediou o painel “Novo Normal: Elas Liderando a Indústria da Saúde” durante o festival FISWeek 24, nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro. O debate contou com a participação da Diretora Sênior da Pfizer Cristiane Blanch, a CEO da DaVita Tratamento Renal, Marienne Melo e a Diretora Geral na Fundação Estatal de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider.
Soares questionou a falta de lideranças femininas no Brasil, especialmente na área da saúde, que é uma das que mais emprega mulheres pelo país. Segundo um estudo feito pela consultoria paulistana Villa Nova Partners, apenas 25% dos CEOs brasileiros de saúde são mulheres - o índice mais alto de todos os setores corporativos no Brasil. Para a Diretora Sênior de Assuntos Corporativos para a América Latina e Canadá na Pfizer, o percentual é estimulador, mas ainda há muito o que ser feito.
“É preciso provocar a mudança. Se a gente for esperar esse caminho tomar forma, vai demorar muito. As mulheres são as grandes drivers desse mundo da saúde, a gente precisa trabalhar para elas”
Schneider destacou a questão histórica que também dificulta a ocupação feminina nesses espaços, além dos preconceitos e estereótipos enfrentados. Em 2022, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad) investigou que as mulheres dedicam cerca de 21,3 horas semanais a tarefas domésticas, enquanto os homens dedicam um pouco mais da metade disso, 11,7 horas. Para as palestrantes, ter mulheres em cargos altos é, além de uma inspiração, prova concreta de que é possível chegar a este posto. “Precisamos estimular, capacitar e mostrar para as mulheres que elas conseguem. Temos que mostrar o caminho para mostrar que elas podem, sim, ocupar esses espaços”, defendeu Sandra Soares.
Marienne Melo ressaltou como o perfil feminino contribui para que os cargos na indústria da saúde sejam ocupados por mulheres. De acordo com um estudo feito pela Demografia Médica no Brasil, a previsão é que, até o final deste ano, as mulheres vão representar 50,2% do total de médicos no país. “A participação nos cargos de liderança pode aumentar. A mulher foi socializada para estar atenta ao próximo, ela foi treinada para gerir, o que é um diferencial enorme no mercado de saúde, porque o nosso bem maior são os nossos pacientes. O tom de cuidado tem que vir de cima”, ressaltou a CEO da DaVita Tratamento Renal.
Combater os preconceitos existentes, desenvolver ações afirmativas, mensurar o problema e traçar planos de curto, médio e longo prazo para superar essas barreiras foram algumas das medidas destacadas por Blanch durante o debate. “Tentar áreas diferentes e experimentar coisas novas é muito importante. Isso te ajuda a abrir portas e ver o mundo de uma maneira diferente. A gente precisa ter contato com pessoas diferentes para ter uma visão de vida complexa e poder conectar as pessoas em prol de algo”, argumentou.
As participantes concluíram o painel contando histórias pessoais de superação e deixaram uma mensagem para o público. “Mulheres, acreditem em vocês. Não se prendam a estereótipos. A gente só terá igualdade no trabalho quando a gente tiver igualdade na vida social”, afirmou.