Aplicações reais de inteligência artificial na saúde

 

Por Cecília Quintella

Daniel Ferraz, Thiago Pavin, Thiago Calado, Isadora Kimura e Marcio Aguiar (da esquerda para direita) durante palestra no segundo dia de FisWeek 2024, Rio de Janeiro. | Foto: Karoll Braz

A inteligência artificial, quando amparada por um profissional de saúde, é capaz de potencializar as tarefas dos médicos e profissionais, acredita o Diretor de Produtos de Saúde da Semantix - deep tech brasileira -, Thiago Pavin.  Ele foi responsável pela moderação de um painel de discussão a respeito das aplicações reais de IA na saúde. O debate aconteceu nesta quinta-feira, dia 7, no festival FisWeek e contou com a participação de Daniel Ferraz, da “Rede D'or”, Isadora Kimura, da healthtech “Nilo”, Marcio Aguiar, da “Nvidia”, e Thiago Calado, da “Pixeon”. 

Há muitos desafios para que a inteligência artificial atenda cada vez mais o mercado da saúde, mas do ponto de vista das empresas de tecnologia o principal deles é a mudança de pensamento dos profissionais e companhias de saúde. A CEO da "Nilo", Isadora Kimura acredita que uma das maiores barreiras na aplicação da IA na saúde é a cultural, mais do que as técnicas: “Devemos conseguir nos desancorar do que já construímos e entender que podemos resolver os problemas parecidos de jeitos novos e diferentes", afirmou. 

O diretor de vendas corporativas da “Nvidia”, Marcio Aguiar, concorda com a fala de Kimura: “O desafio está no mindset dos líderes da empresa. Ainda tem um pouco de resistência na visão dos gestores. Eu vejo sucesso nas corporações que conseguem mais rapidamente convencer os seus líderes e consumidores", complementou. 

O mais difícil às vezes é decidir, como médico, até onde usar a tecnologia.
— Dr. Daniel Ferraz, Rede D'or

Um grande problema do sistema de saúde são as taxas de “no show", ou seja, quando o paciente não comparece à consulta marcada. A Rede D’or implementou um modelo matemático capaz de analisar as chances de um determinado paciente não aparecer no atendimento médico. O oftalmologista e head de IA da Rede D’or São Luiz aponta que por meio da tecnologia, eles são capazes de identificar com 72 horas de antecedência a possível falta e ligam para confirmar a ausência. 

As diferentes inteligências artificiais cada vez mais fazem parte dos processos médicos. Desde a jornada dos pacientes - que inclui agendamento de consultas e resultados de exames - até, inclusive, procedimentos. Mas especialistas destacam a necessidade de atenção aos dados utilizados. O moderador, Thiago Pavin, comentou que uma coleta de dados ruins e enviesados pode atrapalhar. “Na saúde, quando não nos preocupamos com dados com diversidade, a IA pode se tornar enviesada. E, sem um bom banco de dados, não há IA funcional", concluiu o painel.