A contribuição da Medicina Integrativa e Narrativa na relação médico-paciente

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por Isabelle Bernardes

Dois terços dos usuários de medicina complementar não informam ao seu médico sobre o uso desses tratamentos, de acordo com estudo publicado na revista Scientific Reports. Este estudo, juntamente com pesquisas anteriores, sugere que a decisão do paciente em não divulgar o uso desse tipo de tratamento ao médico é causado por uma comunicação precária entre ambos durante as consultas. Uma comunicação colaborativa centrada no paciente pode contribuir para ampliar as informações compartilhadas e suavizar os riscos diretos e indiretos potencialmente causados pelo uso da medicina complementar simultaneamente e não coordenada com a assistência médica convencional.

A Medicina Integrativa concilia o uso de métodos convencionas e complementares para potencializar a capacidade natural de cura do paciente, buscando dar preferência ao uso de intervenções menos invasivas sempre que possível. O princípio desta especialidade envolve a noção de parceria entre o médico e o paciente, levando em consideração todos os fatores que influenciam a saúde e o bem-estar, incluindo mente, espírito, corpo e a comunidade na qual ambos estão inseridos. A principal diferença entre a Medicina Integrativa e a convencional é que a primeira se concentra diretamente na prevenção, ou seja, não espera que a doença ocorra para tratá-la, e sim educa o paciente sobre o assunto e preza por manter seu bem-estar.

Professor Jorge Biolchini

Professor Jorge Biolchini

Nas últimas décadas, a Medicina vem criando novas especialidades e com isso o médico acaba perdendo, normalmente, a noção de cuidar do paciente como um todo. A Medicina Integrativa desde os anos 90, principalmente, busca retomar e ensinar o médico a ter essa visão holística independente da área em que trabalha na própria Medicina. O coordenador do curso de Medicina Integrativa da PUC Rio, professor Jorge Biolchini, acredita que o médico ao adquirir os conhecimentos desta especialidade consegue ampliar sua visão e seus recursos para atender melhor o paciente.

“O médico pode utilizar todo o conhecimento recebido durante sua especialização, porém ao aprender novos recursos vindos de diferentes profissionais da área da saúde, ele consegue ampliar sua capacidade de ajudar o paciente e consequentemente haverá uma possibilidade maior de cura”, analisa o prof. Biolchini.

Outra área do conhecimento chamada Medicina Narrativa também contribui para melhorar a relação médico-paciente, permitindo que o médico perceba como certas características pessoais podem levar a determinados quadros patológicos. A Medicina Narrativa tem como objetivo respeitar a singularidade de cada história. As patologias possuem uma narrativa padronizada, porém cada paciente possui uma narrativa própria para cada diagnóstico. O uso da bioética na área da saúde é importante para legitimar e respeitar a melhor terapia para um paciente específico. Estar atento a diferentes sinais durante o atendimento ao paciente favorece tanto ao médico quanto ao paciente.

Psicóloga Ana Luíza Novis

Psicóloga Ana Luíza Novis

“No cotidiano profissional, lidamos com uma pressão permanente de cuidar, assistir e resolver diferentes situações, por isso, é de extrema importância observar e interpretar os silêncios, as pausas, o timbre e a postura corporal que revelam os afetos e as emoções presentes no relato. O espaço reflexivo e as rodas de conversas sobre os temas desafiadores presentes na pratica médica favorecem a integração e a empatia entre a equipe. Falar sobre as tensões e as emoções é uma medida preventiva de burnout, além de favorecer a relação com o paciente”, afirma a psicóloga Ana Luíza Novis.

Segundo a psicóloga, o médico que utiliza a Medicina Narrativa como ferramenta em sua pratica diária é capaz de desenvolver um aprimoramento na sua capacidade de escutar e interpretar a história narrada pelo paciente.

“Ao escrever sobre o que ouviu e entendeu, o médico cuida simultaneamente do paciente e dele mesmo. As impressões e o que interpreta possibilitam captar a singularidade de cada história, sem incorrer no risco da padronização. Ou seja, reforça a ideia de que cada caso é um caso”, explica a psicóloga Ana Luíza Novis.


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