Cresce o número de mortes causadas pelo câncer de colo do útero

por Anna Luiza Lira

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O Ministério da Saúde juntamente com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou o aumento do número de óbitos por câncer do colo do útero. O crescimento foi de cerca de 30%, passando de 4.091 para 5.264 casos no período de 10 anos.  Este é o terceiro tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de mama e do câncer de brônquios e pulmões.

Também chamado de cervical, o câncer é causado pela infecção de alguns vírus oncogênicos - vírus que participam do processo de transformação celular e que ao invés de destruí-las, criam condições para mantê-las em seu ciclo de replicação -, como por exemplo, o Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por este vírus é frequente e não causa câncer na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer.

Segundo o Professor do curso de Ginecologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Marcelo Lemgruber, o HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, porém fatores como múltiplos parceiros, vida sexual ativa muito precoce ou até mesmo o tabagismo, podem influenciar no desenvolvimento da doença. “O HPV é responsável por quase todos os casos de morte em câncer de colo. Ele tem uma implicação na vida feminina enorme nos países em desenvolvimento”, completou o professor.

O HPV traz sérios riscos à saúde, entretanto já existem muitas medidas de prevenção. Uma delas, por exemplo, é vacinação de meninas com idade entre 11 e 13 anos. A vacina só tem o efeito esperado quando a segunda dose também é aplicada, seis meses depois da primeira. Mulheres que contraem a doença e estão em período de gestação não correm o risco de perder o feto, porém, o Professor Lemgruber alerta para perigo de se fazer parto normal, pois uma vez com o HPV diagnosticado, o bebê pode ser contaminado, sendo a cesárea a melhor opção.

Além da vacinação, para prevenir a doença é necessário fazer o preventivo papanicolau anualmente, usar preservativos durante a relação sexual, e observar se a região genital sofre alguma alteração. O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.

A campanha de vacinação é direcionada ao público feminino por ser o mais afetado pela doença. Porém, os homens também têm tendência a desenvolver a doença, gerando câncer de pênis, câncer escrotal ou de esôfago, por exemplo. “Hoje, nos consultórios pediatras, os garotos já estão sendo orientados a tomar a vacina”, disse o professor.