O uso do narguilé equivale ao fumo de até 25 cigarros
por Rodrigo Yacoub
Novo estudo publicado na revista americana Public Health Reports diz que o narguilé pode ser tão prejudicial, se não até mais, que o cigarro. Uma única sessão de uso equivale ao fumo de 25 cigarros – mais do que um maço. O dispositivo também apresenta 2,5 vezes a quantidade de nicotina no cigarro – e 10 vezes mais monóxido de carbono.
Oriundo do Oriente, o narguilé – também conhecido como ‘xixa’ – está se tornando cada vez mais popular no Ocidente. O problema, de acordo com os especialistas, é que a grande maioria que utiliza não sabe o quão prejudicial ele pode ser. Além de equivaler a um alcatrão de cigarros, o narguilé não é capaz de filtrar fumaça, aumentando o consumo de algumas das substâncias nocivas contidas no tabaco. Esses dados foram frutos da análise de mais de 542 artigos científicos sobre o tema.
O coordenador de Pneumologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Prof. Carlos Alberto de Barros Franco, acredita que não devem ser feitas comparações entre os dois, já que a substância ingerida é a mesma: o tabaco. “Tanto o cigarro quanto o narguilé são formas de administrar uma droga prazerosa, mas viciante chamada nicotina. Como o álcool, a cocaína e outras, a nicotina cria dependência química, dificultando o fim do seu uso, mas numa escala ainda maior. Uma em cada 100 pessoas que usufruem de bebidas alcoólicas se tornam alcoólatras – enquanto isso, 90 em cada 100 pessoas em contato com a nicotina se tornam dependentes. Por isso, não vale a pena decidir qual é pior, cigarro ou narguilé, e sim conscientizar a população do perigo que o narguilé pode representar na sociedade”.
A conscientização sobre quão prejudicial pode ser o uso do xixá é recente. Nos Estados Unidos, o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC, a sigla em inglês) registrou entre jovens um uso maior do aparelho do que do cigarro. “O uso inconsciente deste aparelho na juventude pode ser o pontapé inicial para a dependência química. O narguilé introduz o jovem no vício a nicotina, que o faz trocar o dispositivo pelo cigarro no futuro”, relata o professor.
O problema do fumo não está apenas na nicotina. Membro titular da Academia Nacional de Medicina, Barros Franco ainda chama atenção para o fato de que as outras substâncias presentes no cigarro ou narguilé têm efeito grave para o pulmão – sendo a ingestão dessas a principal causa evitável de câncer de pulmão, laringe, esôfago, bexiga e de infarto do coração.