Microcefalia, uma doença impulsionada pelo zika vírus

por Rodrigo Yacoub

5 em cada 100 mil recém-nascidos afetados pela microcefalia. Esse era o cenário brasileiro antes da propagação do ZIKH, conhecido popularmente como zika vírus. Agora, tudo mudou. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, contabilizando os últimos meses de 2015 e o começo de 2016, a incidência de microcefalia subiu para 6,4 em cada 10 mil nascidos. É esse número que preocupa não só o Brasil, mas o mundo.

A microcefalia é definida “pelas alterações de estrutura ou função do corpo que estão presentes no nascimento de origem pré-natal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e literatura científica internacional, a microcefalia é uma anomalia em que o Perímetro Cefálico (PC) é menor que dois ou mais desvios-padrão do que a referência para o sexo, a idade ou tempo de gestação”, de acordo com protocolo divulgado pela Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) de 2016. A doença pode gerar inúmeras consequências no feto, todas relacionadas a um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, de acordo com a neurologista infantil do Instituto Fernandes Figueira da FIOCRUZ, Tânia Saad. “O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor é um termo muito amplo e engloba desde atrasos na motricidade (dificuldade para aprender a sustentar a cabeça, sentar, andar), até baixa visão, alteração da audição, crises convulsivas e déficit cognitivo nas mais variadas escalas”.

Apesar de ter crescido exponencialmente após a chegada do ZIKH, a doença não é novidade. Ela pode ter inúmeras causas, sendo sua grande maioria genética. “A microcefalia pode ser resultado de diversos fatores, desde falta de nutrientes, asfixia do feto, infecção por outros vírus e a ingestão de álcool na gravidez”, explica a professora adjunta da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Apesar de não ser associada exclusivamente ao vírus zika, quando consequência dele, os efeitos podem ser ainda mais nocivos. Isso porque o ZIKH, de acordo com a Dra. Saad, tem um neurotropismo maior, ou seja, pode causar danos neurológicos mais significativos do que a microcefalia oriunda de outros fatores.

Apesar de ser uma doença difícil de lidar, na maioria dos casos, existem exceções, principalmente de origem genética, aponta a Dra. Tânia Saad, em que os bebês apenas têm o tamanho do cérebro menor, mas não desenvolvem sequelas. Para os demais, é essencial o acompanhamento médico para melhor desenvolvimento funcional, cognitivo e motor do indivíduo.