Médicos brasileiros juntam células-tronco com droga anticâncer para tratar o Parkinson
por Clara Pires
O mal de Parkinson é uma doença degenerativa no cérebro que se desenvolve progressiva e lentamente nas pessoas, em sua maioria idosas. Ele ocorre quando o cérebro, ao sofrer danos em suas células nervosas, responde diminuindo a produção de dopamina. Essa redução do neurotransmissor faz com que a habilidade de controlar o corpo, os movimentos e as emoções fique cada vez mais difícil.
A doença atinge mais de dez milhões de pessoas no mundo todo e não tem cura. Tratamentos como medicações e implantes elétricos ajudam a minimizar os sintomas, mas podem causar efeitos colaterais severos.
Para tentar melhorar esse quadro, médicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro fizeram um estudo com uma substância que combate o câncer de estômago para criar neurônios que produzem dopamina a partir de células-tronco embrionárias. Nos testes com camundongos, perceberam uma melhora dos sintomas da doença de Parkinson e a reparação da função motora dos animais, sem o desenvolvimento de tumores. Eles permaneceram saudáveis e funcionais durante todo o período de 15 meses que durou o experimento.
“Esta estratégia simples, que é expor as células pluripotentes a uma droga anticâncer, tornou o transplante seguro, ao eliminar o risco de formação de tumor”, afirma o neurocientista chefe do estudo, Steven Rehen.
A mitomicina C (MMC), substância usada na pesquisa, bloqueia a replicação do DNA e previne que as células se multipliquem descontroladamente. Os pesquisadores também perceberam que esse tratamento aumentou em quatro vezes a liberação de dopamina.
Segundo Rehen, a nova descoberta pode abrir portas para o início de testes em humanos: “Nossa técnica com MMC pode acelerar a proposta de ensaios clínicos com células pluripotentes para várias doenças humanas. É o primeiro passo para tornar este tipo de tratamento com células-tronco possível”, concluiu.