Cientistas encontram alternativa para tratamento da depressão
por Clara Pires
Um alucinógeno derivado de cogumelos pode ser útil no tratamento contra a depressão. É o que concluiu um estudo realizado por cientistas da Imperial College London, na Inglaterra, após dar psilocibina, o componente ativo dos cogumelos mágicos, a 12 pessoas.
Todos os participantes do teste eram clinicamente deprimidos há um longo período de tempo, em média 17,8 anos, e não tinham respondido a nenhum dos tratamentos comuns, como: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) ou terapia eletroconvulsiva.
Uma semana após receberem uma dose oral de psilocibina, todos os pacientes apresentaram uma melhoria nos sintomas e três meses depois, cinco deles estavam em processo de remissão completa.
De acordo com Robin Carhart-Harris, neuropsicofarmacologista da Imperial College e um dos autores do estudo, o resultado é algo bastante notável no contexto dos tratamentos disponíveis atualmente. Já que, em comparação, a taxa de remissão do ISRS é de apenas 20%.
No entanto, os pesquisadores não estão sugerindo que a psilocibina deve ser um tratamento de último recurso para pacientes deprimidos. "Nossa conclusão é mais sóbria do que isso - estamos simplesmente dizendo que é viável", explicou Carhart-Harris. "Nós podemos dar psilocibina para pacientes deprimidos e eles podem tolerá-la, é algo seguro. Isso nos dá uma impressão inicial da eficácia do tratamento".
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo, mas terapias eficazes são difíceis de encontrar. Em busca de novos tratamentos, os pesquisadores têm procurado alternativas potentes e peculiares, que têm se tornado promessas em ensaios clínicos, como este com a psilocibina.
"É importante notar que não desenvolvemos nenhum novo tratamento para a depressão que seja amplamente utilizado desde os anos 1970, apesar do fato de que este é o grande problema de saúde pública no mundo ocidental e nos países em desenvolvimento", diz Glyn Lewis, que estuda os transtornos psiquiátricos na University College London.
Para ele, é particularmente curioso o fato de que a psilocibina parece ter efeito com uma dose única, ao contrário de alguns medicamentos atuais que os deprimidos devem ser tomados diariamente.
"Este estudo está simplesmente perguntando se é interessante o suficiente para prosseguir como um tratamento para a depressão. E meu próprio julgamento diz que sim, ele é", conclui Lewis.