O que saber sobre menopausa precoce
por Clara Pires
A menopausa é a passagem da fase reprodutiva para a não reprodutiva da mulher. Ela acontece quando o ovário para de funcionar e interrompe a produção dos óvulos e dos hormônios, perdendo-se principalmente o estrogênio.
Segundo o coordenador do curso de Ginecologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Profº. Marcelo Lemgruber, 1% das mulheres apresenta essa condição antes dos 40 anos, caracterizando a chamada menopausa precoce. “A partir de um exame clínico, o médico cria uma suspeita e verifica a dosagem hormonal, que é o que proporciona certeza sobre a condição. A consequência visível é a ausência da menstruação. Com um ano dessa falta, caracteriza-se a menopausa”, explica o professor.
Apesar de não considerar essa a forma ideal de diagnóstico, Lemgruber afirma que é a mais utilizada hoje em dia. Uma maneira de confirmar o prognóstico da mulher é a laparoscopia, cirurgia que consegue provar a existência ou inexistência dos folículos necessários para que ocorra a menstruação. No entanto, essa cirurgia não é recomendada por ser bastante invasiva.
A menopausa precoce apresenta os mesmos sintomas notados na menopausa após os 45 anos, a grande maioria decorrente da perda do estrogênio: calores pontuados por um súbito aumento de temperatura no tórax e no rosto (fogaço); atrofia do aparelho vulgo vaginal e urinário baixo (síndrome urogenital da menopausa); sintomas urinários, por atrofia do tecido; ressecamento vaginal, que gera corrimento e dores durante o ato sexual; alterações de humor e comportamento como insônia e depressão; alterações cognitivas e, a longo prazo, risco cardíaco e osteoporose.
Embora seja raro que a paciente procure as causas para o desenvolvimento da menopausa precoce, segundo o professor, alguns grupos são mais recorrentes, como: fumantes, mulheres com síndromes genéticas que comprometem o cromossomo X, com doenças autoimunes e aquelas que passaram por doenças em que o tratamento afetou o ovário.
Um dado que chamou atenção foi que, de acordo com Lemgruber, cada vez percebe-se mais pacientes com insuficiência ovariana e pouca fertilidade. Entre os motivos estão o uso de medicações lesivas para o ovário, doenças como câncer e até compostos ambientais presentes no nosso dia-a-dia. Compostos como a dioxina, presentes na vida urbana atual, em comidas com substratos, em substâncias encontradas no plástico e até em garrafas plásticas, prejudicam as mulheres e seus ovários, bem como os testículos dos homens.
O tratamento das menopausas, seja precoce ou fisiológica, é feito através da reposição hormonal. Na precoce, ele é obrigatório, já na fisiológica é discutível de médico para médico: o consenso atual é tratar as mulheres sintomáticas por cinco anos com doses pequenas. Porém, o professor acredita que a reposição hormonal tem benefícios para todas as mulheres, não só nas de menopausa precoce e, portanto, é o tratamento mais adequado para todos os casos.
Lemgruber acredita que o tratamento hormonal não traz efeitos colaterais negativos, apenas positivos. Para exemplificar, ele fala da pílula contraceptiva, que contém hormônios. Além de oferecer benefícios contraceptivos, ela oferece diversos outros ganhos não relacionados. O médico só desaconselha a terapia hormonal em quadros muito específicos de queixas por parte da paciente.