Respostas diferencia sistema imunológico feminino do masculino

por Clara Pires

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Os sistemas imunológicos de homens e mulheres respondem de forma diferente a infecções. É o que diz uma pesquisa apresentada semana passada em um encontro da Sociedade Americana de Microbiologia em Boston, nos Estados Unidos. O estudo sugere que essa diferença pode influenciar na elaboração de programas de vacinação e levar a um tratamento mais específico de doenças.

Segundo o médico Marcus Altfeld, imunologista do Instituto Heinrich Pette, na Alemanha, mulheres podem ter desenvolvido uma resposta imunológica mais rápida e forte para poderem proteger o crescimento de fetos e de bebês recém-nascidos. Mas não sem um custo: o próprio sistema imunológico pode acabar reagindo e atacando o corpo. Isso seria uma explicação do porquê mais mulheres do que homens têm a tendência de desenvolver doenças autoimunes como esclerose múltipla e lúpus.

Até hoje, poucos estudos foram feitos levando em consideração a diferença entre os sexos, o que também é dificultado pelo maior uso de homens em testes clínicos segundo a prerrogativa de que gravidez e ciclos menstruais podem complicar os resultados. Só agora os cientistas estão começando a perceber de forma mais precisa essa separação.

Para Linda Meyaard, imunologista do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, alguns fatores genéticos também podem orientar como os sexos lidam com infecções. Ela estuda uma proteína chamada TLR7, que detecta vírus e ativa células imunitárias. Codificada por um gene no cromossomo X, a proteína provoca uma resposta imune mais forte nas mulheres do que nos homens. Meyaard suspeita que isso aconteça porque de algum modo, o TLR7 contorna o processo quando um dos dois cromossomos X das mulheres é desligado para evitar a superexpressão de proteínas.

Um estudo que vai começar no final deste ano pode ajudar a separar e identificar a influência dos genes e dos hormônios sobre as infecções. Altfeld e sua equipe vão analisar 40 pessoas em cirurgia de mudança de sexo. Se os hormônios femininos são de fato responsáveis, as mulheres transexuais do estudo devem começar a apresentar reações imunes mais fortes a infecções e ao desenvolvimento de problemas autoimunes do que os homens transexuais.

Não se sabe se os resultados vão provocar mudanças em como remédios e tratamentos são ministrados, mas os médicos acreditam que chegar a tais conclusões pode sim levar a uma melhoria na forma como o programa de vacinas é feito, resultando em doses específicas para mulheres e outros estudos sobre o assunto.