Primeiro medicamento à base de cannabis sativa começará a ser vendido no brasil

por Victória Guimarães

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no Brasil o registro do primeiro medicamento produzido à base de Cannabis Sativa. A medicação é indicada a pacientes adultos que apresentam sintomas relacionados à rigidez muscular e com quadro de espasticidade moderada a grave devido à esclerose múltipla, doença na qual ocorre a inflamação e destruição da mielina, camada protetora das células nervosas.

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O Mevatyl (tetraidrocanabinol (THC), 27 mg/mL + canabidiol (CBD), 25 mg/mL) poderá ser utilizado por pacientes que apresentam esta doença neurodegenerativa, mas que não respondem de forma adequada a outros medicamentos antiespásticos e que apresentam uma melhora significativa ao utilizarem o Mevatyl durante o período de teste inicial do tratamento.

Apresentado como um spray oral, o medicamento é aprovado em 28 países. Seu primeiro registro foi em 2010 no Reino Unido, seguindo para o Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Suíça, Israel, entre outros. No exterior, o Mevatyl é comercializado sob o nome de Sativex. Para a venda no Brasil, a medicação canabinóide será fabricada pela GW Pharma Limited, do Reino Unido, e distribuída pela Beaufour Ipsen Farmacêutica, localizada em São Paulo.

Segundo pesquisas clínicas é improvável a ocorrência de dependência ao consumir o medicamento feito com substâncias derivadas da maconha. O Mevatyl será comercializado com tarja preta em seu rótulo e sua aquisição só será possível com a apresentação de prescrição médica e do termo de consentimento informado ao paciente.

A medicação não é indicada para o tratamento de epilepsia, porque umas das substâncias ativas, o THC, possui potencial de agravamento de crises epiléticas. O mesmo também não poderá ser utilizado em crianças e adolescentes menores de 18 anos, pois os testes não contemplaram indivíduos desta faixa etária.

O próximo passo é aguardar a determinação do preço do medicamento pelo Comitê Técnico Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão coordenado pela Anvisa. Após esta definição, a medicação começará a ser vendida no país.