Brasil: primeiro país da América do Sul a disponibilizar vacinas contra HPV para meninos

por Victória Guimarães

A partir de janeiro, o Ministério da Saúde passa a disponibilizar a vacina contra o HPV para meninos de 12 e 13 anos de idade. O Brasil é o primeiro país da América Latina e o sétimo do mundo, entre Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá, a oferecer a prevenção contra o vírus do Papiloma Humano aos adolescentes do sexo masculino antes do início da vida sexual.

Esta inclusão faz parte do conjunto de ações integradas que tem o objetivo de alcançar mais resultados de imunização com os recursos financeiros já disponíveis. Desde 2014 a vacina é aplicada em meninas com faixa etária de 9 a 13 anos. Os meninos ficavam indiretamente protegidos com a vacinação das meninas, visto que contribuía para a não proliferação do vírus e das doenças. No entanto, é necessário ampliar estes resultados. No ano de 2016, o número de doses aplicadas em adolescentes do sexo feminino reduziu de três para duas, o que possibilitou a integração dos meninos no esquema de vacinação sem custos extras.

capa-1024x729.jpg

Em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), o Ministério da Saúde alerta, por meio de campanhas, a importância da vacinação para os meninos. Se contraído, o HPV pode gerar câncer de pênis, de garganta, de ânus e verrugas genitais. O vírus é o responsável por 91% dos casos de câncer anal e 63% dos casos de câncer de pênis, segundo a SBIm.

A vacina presente no Programa Nacional de Imunizações, vacina quadrivalente, protege contra os quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18). Os subtipos 6 e 11 estão relacionados à manifestação de 90% das verrugas genitais e anais. Os 16 e 18 são considerados de alto risco oncogênico, esses subtipos estão relacionados a 70% dos casos de câncer de colo do útero, 80% dos casos de câncer de ânus e 50% dos casos de câncer de pênis, do sistema orofaringe, da vagina e da vulva.

O esquema de vacinação para ambos os sexos é aplicado em duas doses com o intervalo de seis meses. A Associação Brasileira de Pediatria alerta que é essencial a aplicação da segunda dose, pois a primeira estimula o sistema imunológico e a segunda é necessária para atingir o objetivo da imunização. Para os homens e as mulheres de 9 a 26 anos que vivem com HIV, a aplicação é realizada, também pelo Sistema Único de Saúde, em três doses com intervalo de zero, dois e seis meses. A vacina já está disponível em todas as salas de vacinação do SUS. Os que não receberam nenhuma dose e não se enquadram na faixa etária, podem ter acesso à imunização em clínicas particulares.

Além da vacina, quem tem uma vida sexual ativa é fundamental usar preservativo, se consultar regularmente com médico especialista e realizar exames preventivos como, no caso das mulheres, o papanicolau.