Poluição do ar pode contribuir para o surgimento de doenças neurodegenerativas
por Victória Guimarães
Morar perto de rodovias de grande circulação pode contribuir para o surgimento de doenças neurodegenerativas como Demência, Parkinson e Esclerose Múltipla, sugere estudo realizado pela Universidade de Toronto, no Canadá. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 92% da população mundial vive em áreas que ultrapassam os níveis de poluição recomendados.
A pesquisa foi realizada durante 10 anos, período em que os pesquisadores acompanharam cerca de 6,6 milhões de adultos entre 20 e 85 anos, moradores de Ontário, província mais populosa do Canadá. Segundo Hong Chen, pesquisador do Departamento de Saúde Pública de Ontário e líder da equipe pesquisadora, através das análises de prontuários médicos dos voluntários, foram identificados 243.611 casos incidentes de Demência, 31.577 casos de Doença de Parkinson e 9.247 casos de Esclerose Múltipla em pessoas que vivem em até 50 metros das vias.
Foram considerados fatores individuais e contextuais como diabete, lesão cerebral e renda do bairro; acesso a neurologistas e a exposição a poluentes do ar selecionados também foram relevantes para o resultado final da pesquisa. O estudo identificou que partículas ultrafinas de metais pesados e tóxicos, ao serem inalados, podem fazer o seu caminho para o cérebro danificando-o diretamente ou atacando à distância, pois desencadeiam a libertação de moléculas inflamatórias.
De acordo com a pesquisa, alguns estudos encontraram uma relação entre viver perto de estradas principais e declínio cognitivo, desencadeando mudanças na estrutura do cérebro. No entanto, pouco se sabe sobre sua relação com a incidência de Demência, Doença de Parkinson e Esclerose Múltipla. Na publicação do artigo da pesquisa no periódico científico The Lancet, Chen declara que são necessárias mais investigações para concretizar a ligação destes fatores externos às doenças neurodegenerativas.