Mesentério: o “novo” órgão do corpo humano

por Victória Guimarães

A pesquisa que deu início à descoberta do “novo” órgão presente no corpo humano teve origem na Universidade de Limerick, na Irlanda. A equipe liderada pelo professor e pesquisador Calvin Coffey coloca em evidência que o mesentério, revestimento que une o intestino delgado à parede do abdômen, sustentando-o, não é um órgão fragmentado e complexo, como classificado durante séculos.

No artigo publicado na revista científica The Lancet Gastroenterology & Hepatology, Coffey e sua equipe afirmam que o mesentério é uma estrutura contínua e que os avanços na compreensão deste órgão permitem benefícios no campo da gastroenterologia e da cirurgia colorretal, contribuindo para operações menos invasivas, com menos complicações e com recuperação mais rápida.

O coordenador do curso de Gastroenterologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, professor José Galvão Alves, afirma que na Medicina as mudanças são poucas. “É muito mais uma nomenclatura oficializada do que uma mudança de conduta. O mesentério deve ser considerado um órgão e deve ser avaliado criteriosamente”.

Segundo o professor, há uma frequente inflamação no mesentério (paniculite mesentérica) e uma frequente desvalorização desta inflamação. “O órgão pode atuar como um sinal de alerta. Não devemos apostar sempre que seja uma simples paniculite. Esta inflamação pode significar o aparecimento de outras doenças como o câncer no intestino delgado, doença inflamatória intestinal (doença de crohn) e a inflamação no reto. Há também diagnósticos de mesenterite, inflamação crônica na gordura mesentérica que sustenta e une as alças intestinais”, explica Galvão.

Na pesquisa publicada, Calvin Coffey afirma: “as características anatômicas do mesentério ainda precisam ser detalhadas. Muitos, mas não todos, órgãos têm uma unidade funcional distinta. A unidade funcional do mesentério é desconhecida, e se um tipo de célula distintivo é o principal responsável pela sua funcionalidade, deve ser investigado. Seus efeitos estão sendo apurados em níveis hematológicos, imunológicos, endócrinos, metabólicos, entre outros”.