Qual a diferença entre HIV e Aids?

por Agnes Mendes

A epidemia do HIV, que começou nos anos 80, segue representando um problema mundial de saúde pública. Segundo dados do UNAIDS, programa das Nações Unidas relacionado à Aids, cerca de 37 milhões de pessoas vivem com o vírus no mundo, e cerca de 21 milhões recebem o tratamento antirretroviral. O Brasil é o país com o maior número de casos da América Latina, com 830 mil infectados. No entanto, pacientes soropositivos lidam diariamente com a desinformação e o preconceito por parte da população, que não sabe diferenciar o vírus da doença.

HIV é a sigla dada ao Vírus da Imunodeficiência Humana. Ele é transmitido por relações sexuais sem proteção, transfusões com sangue contaminado, compartilhamento de objetos perfurocortantes e até mesmo durante o parto. A partir da contaminação, o vírus ataca as células do sistema imunológico – mais precisamente os linfócitos T CD4+ – transformando o DNA dessas células para que possa se multiplicar. Depois disso, o HIV rompe os linfócitos e vai em busca de outros, matando-os e se multiplicando cada vez mais. Conforme a infecção vai se agravando, a contagem dos CD4+ vai diminuindo, e o paciente pode desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – a Aids.

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Apesar do que muitos pensam, nem todos os portadores do HIV apresentam a doença: muitas pessoas vivem por vários anos com o vírus no organismo sem que a Aids se manifeste, uma vez que a doença só se desenvolve quando há uma grande queda no sistema de defesa do organismo. Quando surgem os sintomas, o paciente fica extremamente debilitado e suscetível às chamadas infecções oportunistas, como hepatite viral, tuberculose, pneumonia ou toxoplasmose, por exemplo. No entanto, os tratamentos modernos para o HIV diminuem muito o risco de desenvolver a doença – além de diminuir o risco de transmissão do vírus.

A estratégia das Nações Unidas para acabar com a epidemia da Aids, que já dura 40 anos, envolve a aplicação do tratamento universal, ou seja, para todos os portadores do HIV, independente da contagem de CD4+. No Brasil, a política já foi instaurada, e qualquer pessoa infectada pode receber o tratamento antirretroviral que, além de frear o avanço da infecção, diminui muito as chances de transmissão. Sendo assim, uma pessoa em tratamento tem uma melhor qualidade de vida, tem sua longevidade garantida e menos chances de infectar outra pessoa, podendo até ter filhos.

Além do tratamento, o Brasil também oferece métodos preventivos, como a PEP (profilaxia pós-exposição) e a PrEP (profilaxia pré-exposição). A primeira dura 28 dias e é aplicada até 72h depois de uma situação de risco, como sexo desprotegido, compartilhamento de agulhas, etc. Já a PrEP é administrada diariamente por pessoas não-infectadas, promovendo uma imunidade ao vírus pela presença constante dos antirretrovirais no sangue. Além dos medicamentos, existem outras formas de prevenir o contágio. A mais simples e prática é a camisinha, que, além de prevenir a infecção pelo HIV, também previne outras doenças sexualmente transmissíveis e funciona como método contraceptivo.

Todos estão sujeitos a contrair o HIV, uma vez que o vírus não escolhe cor de pele, idade, gênero ou orientação sexual. Desta forma, é preciso estar sempre alerta e evitar as situações de risco – mantendo em mente que sexo com proteção, beijo no rosto ou na boca, suor, lágrimas, apertos de mão ou abraços e compartilhar utensílios como toalhas não apresentam risco. É importante respeitar a todos, pois discriminação é crime – e a discriminação contra o portador do HIV e o doente de Aids constitui, pela lei nº 12.984/2014, crime punível com reclusão de 1 a 4 anos.