Como está a qualidade de vida dos universitários?
Uma pesquisa realizada com 133 estudantes da PUC-Rio constatou que os alunos enfrentam diversos níveis de estresse: prazos apertados, cobranças, avaliações e a incerteza do futuro causam ansiedade, noites mal dormidas e, muitas vezes, transtornos mentais. O quadro causa preocupação nas instituições de ensino, que buscam estabelecer medidas para preservar a saúde mental dos alunos, mas eles continuam tendo dificuldades em combater a ansiedade e lidar com os desafios da vida acadêmica. No entanto, a prática de mindfulness – também conhecida como atenção plena – pode ser positiva, pois apresenta vários benefícios para a saúde física e mental. Entre eles, está a diminuição do estresse, característica cada vez mais comum entre os universitários brasileiros.
Quantas horas de sono você tem, em média, nos dias de semana?
Entre as situações mais estressantes, de acordo com o resultado da pesquisa, estão os trabalhos em grupo e as provas. Esse panorama é agravado pela falta de sono e de atividades físicas, fatores essenciais para a manutenção da saúde mental: quase 20% dos alunos entrevistados têm entre 4 e 5 horas de sono por dia, e quase 60% não praticam nenhum tipo de exercício. Aliados a outros fatores, como longas jornadas, que às vezes somam estudo e trabalho ou estágio; longos trajetos casa-universidade; e a falta de acompanhamento psicológico, causam um resultado preocupante: 87,2% dos entrevistados se consideram ansiosos e 43,6% se consideram depressivos.
Para Newton Gomes, de 24 anos, a competição, muitas vezes estimulada por professores, é um fator importante para a influência da universidade sobre a saúde mental – e física – dos alunos.
Quantas horas você leva, somando ida e volta, no seu trajeto da faculdade para casa?
“A pressão do mercado e os prazos da faculdade alimentam essa ideia de fazer o máximo no menor tempo possível, tudo isso olhando para o lado para se comparar com os colegas. Muitas vezes são noites e noites sem dormir para cumprir os prazos. E o tempo todo você está competindo. Não consigo mesmo, para melhorar, mas com os outros ao redor. Acho isso perigoso. Acaba que um trabalho que deveria ser criativo entra em um processo de produção fabril; um jeito automático que todo mundo usa. É difícil inovar, e, para mim, causa uma frustração enorme. Essa pressão para ser o melhor me deixou extremamente ansioso, e me fez buscar o café e a nicotina para ajudar. Acaba que tudo isso interfere na minha saúde física, também”, afirmou o aluno.
Entre os métodos que podem auxiliar os alunos a lidar melhor com o estresse, está a prática de mindfulness, um tipo de meditação que treina a atenção no momento presente, e já mostrou cientificamente ser capaz de melhorar a saúde humana tanto física quanto mental. Em estudo, pesquisadores da Universidade de Cambridge demonstraram que um treinamento desta meditação ajuda a construir resiliência em estudantes universitários e melhorar a saúde mental deste grupo, principalmente durante períodos de muito estresse. A pesquisa envolveu 600 alunos da universidade e concluiu que um curso de 8 semanas de mindfulness em universidades do Reino Unido ajudou a diminuir os níveis de estresse: os estudantes que participaram do curso tiveram 30% menos chance de apresentar um nível de estresse acima do considerado saudável. Na PUC, no entanto, poucos alunos sequer conhecem a prática: 58,6% dos alunos que responderam a pesquisa não sabem o que é mindfulness.