Tratamentos com psicoterapia têm melhor aceitação
por Sérgio Schargel
Uma análise da revista Psychotherapy concluiu que pacientes com problemas de saúde mental são mais propensos a recusar ou não completar tratamento se este for feito através de medicamentos. A revista afirmou que esses índices de recusa não se repetiam na psicoterapia e que a rejeição por farmacoterapia era cerca de duas vezes maior, especialmente para o tratamento de depressão, ansiedade e síndrome do pânico.
Os pesquisadores examinaram 186 estudos que analisaram se os pacientes com problemas de saúde mental aceitaram e se completaram ou não o tratamento que lhes foi recomendado. Desses, 57 estudos, realizados com 6693 pessoas, relataram índices de recusa do tratamento, principalmente entre pacientes com síndrome do pânico, que eram em média 2,79 vezes mais propensos a recusar o tratamento por drogas do que terapia. Entretanto, entre as doenças psíquicas analisadas, não foram encontradas diferenças nas taxas de recusa entre os dois tratamentos no que tange pacientes que sofrem de bulimia, anorexia, comportamento obsessivo-compulsivo ou estresse pós-traumático.
Para a psiquiatra Fátima Vasconcellos, professora do curso de Psiquiatria do Departamento de Medicina da PUC-Rio, nenhuma das terapias deve ser descartada, pois ambas podem contribuir para uma melhora no quadro do paciente, principalmente se realizadas em conjunto. “As duas terapias se complementam. Se uma pessoa tiver passando por uma crise existencial, por exemplo, ela não vai usar medicamentos porque não vai adiantar, assim como uma pessoa que estiver sofrendo de dor de cabeça não vai ter muitos resultados com psicoterapia. Em alguns casos de doenças como depressão, por exemplo, usufruir de ambas terapias contribui não apenas para que o paciente se recupere, como para evitar que ele venha a ter uma recaída no futuro. Existe uma certa rejeição das pessoas com a farmacoterapia por medo de que o paciente se torne viciado nas drogas que lhe são passadas, o que é improvável. Mas o ideal é que, dependendo da doença psíquica que for, ambas as terapias sejam administradas simultaneamente”, sugere Fátima.
Como conclusão da pesquisa, os pesquisadores recomendam que a quantidade de recusas e desistências devem ser consideradas por parte dos médicos quando feitas recomendações de tratamento.