Envelhecimento Saudável e o uso de tecnologias

Por Maitê Branco Kröeber

Eduardo Giacomazzi, Silvia Scagliarini e Chandler Lewis (da esquerda para a direita) durante o FISWeek 24, no Rio de Janeiro |  Foto: Karollyna Braz Gonçalves

A fundadora e CEO da startup Vivmais Saúde & Longevidade, Silvia Scagliarini, defendeu a importância da democratização dos tipos de tecnologia para um futuro mais inclusivo para os idosos. A empresária participou do painel “Tecnologias Para Um Envelhecimento Saudável” durante o festival FISWeek 24, nesta sexta-feira (8), no Rio de Janeiro. O debate foi mediado pelo CIO do Grupo Laços Saúde, Eduardo Giacomazzi e contou com a participação do fundador e Diretor-Gerente da 360 Social Impact Studios, o estadunidense Chandler Lewis. 

Pautada pela ideia de que as pessoas na faixa dos 70 aos 90 anos não estão tão acostumadas com a tecnologia quanto aqueles entre os 40 e 60 anos, Scagliarini salientou a importância de garantir que aqueles que ensinam aos longevos sobre estas novas ferramentas entendam sobre o que falam, uma vez que a capacitação adequada dos cuidadores reflete diretamente no ensino. Ela destacou esse processo como uma “educação contínua” e usou como exemplo o dispositivo da Amazon Alexa e a capacidade de facilitar ou dificultar a vida do idoso a partir da familiaridade que ele tem com o produto.

Lewis mencionou como a pandemia contribuiu para novas descobertas na área da saúde e ressaltou como a acessibilidade a tecnologias vestíveis - também conhecidas como wearables - podem melhorar o futuro para as pessoas mais velhas. “Nós realmente temos que pensar sobre o que ainda não existe no futuro, mas que será necessário. Finalmente somos capazes de nos comunicar e quebrar barreiras que não eram quebráveis antes. Agora, precisamos achar as mentes, as pessoas e o investimento para tornar isso possível”, pontuou. 

O estrangeiro também falou sobre como a oportunidade de observar o impacto positivo das tecnologias vestíveis na vida da sua avó de 104 anos o motivou a preencher essa lacuna do mercado. 

Agora, a habilidade de acompanhar a progressão de doenças está acessível e os trabalhadores da saúde estão ansiosos para aplicar essas ferramentas nos seus trabalhos
— Chandler Lewis

Silvia Scagliarini destacou as tecnologias de voz automáticas, robôs e sensores como o futuro do envelhecimento saudável, mas pontuou os seus limites e debateu sobre um sentimento muito comum na terceira idade: a solidão. De acordo com a primeira edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, feito em 2023 pela Unicamp, mais de um terço dos idosos brasileiros (cerca de 34%) apresentam sintomas depressivos e 16% relatam se sentir solitários. “O que importa para o longevo é o que importa para todo mundo: senso de pertencimento. Como ele vai ser acolhido e entendido?”, questionou.

Os palestrantes finalizaram o painel frisando a importância da empatia na abordagem dos profissionais de saúde e no desenvolvimento dessas novas tecnologias. “A gente tem que perguntar e olhar no olho para saber o desejo da pessoa. No futuro vamos ter robôs, mas não podemos perder a humanidade”, afirmou a CEO da Vivmais Saúde e Longevidade.