Obesidade: medicamentos, nutrição e atividade física

Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e capaz de trazer repercussões negativas à saúde do organismo humano, a obesidade pode ser definida como doença. Pelo menos é assim que pensa a Organização Mundial de Saúde (OMS) e as não tão isentas entidades que se esforçam na publicação regular de consensos acerca desta "epidemia da modernidade".

Mas obesidade é realmente doença ou fator de risco para outras doenças?

Se no primeiro caso medicamentos desempenham algum papel no tratamento, o que dizer do segundo? Deveríamos tratar o risco? Seja como for, existem evidências indicando que a obesidade se encontra associada com a mortalidade prematura, e que de fato elevaria o risco para doenças não comunicáveis incluindo doença cardiovascular, diabetes tipo 2, hipertensão, e certos tipos de câncer, representando assim, grave problema de saúde pública.

Vivemos em um ambiente “obesogênico” onde ainda existem dúvidas em relação às influências genéticas e ao impacto dos determinantes sociais da obesidade. Eles não têm sido adequadamente considerados em análises neoliberais da saúde que sugerem um julgamento moral para aqueles que sucumbem à tentação do sedentarismo e do consumo de alimentos hipercalóricos para lá de palatáveis. Sabe-se que as implicações clínicas da obesidade diferem dependendo da cultura, etnia e orientação sexual, e que adversidades sociais contribuem para sua transmissão através das gerações, quando a pobreza também teria elevada participação nas complicações da condição.

Neste sentido, os critérios clínicos para diagnóstico da obesidade seriam realmente válidos ou atenderiam a interesses voltados para constituir regime disciplinador do corpo em mais um dos múltiplos mecanismos de poder sugeridos por Foucault?

Nesta linha, o IMC defendido pela OMS foi recentemente criticado por basear-se em amostra restrita à caucasianos e não universalmente representativa, servindo a ideologias eugênicas e racistas que adoecem por decreto as populações negras. O tema é polêmico e multidisciplinar e também deve contemplar a utilidade clínica de intervenções com moduladores do apetite e do metabolismo, além das proposições de que se o exercício físico é medicina, os consensos médicos deveriam propor protocolos norteadores da prática regular de atividades físicas.

A mesa de Obesidade será moderada pela Dra. Monique de Barros e contará com os palestrantes: Dr. Luiz David Castiel, da FIOCRUZ; Dra. Fernanda Mattos, do PROCIBA/HUCFF/UFRJ; Dr. Fernando de Barros, da UFF.

Os convidados são expoentes na pesquisa de obesidade e vão nos brindar com palestras com potencial de revolucionar a assistência médica com impactos positivos na saúde e no bem-estar das pessoas.

*Texto escrito pelo Prof. Dr. Roger de Moraes. Doutor em Ciências do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular da FIOCRUZ.