Anorexia foi o transtorno alimentar que mais aumentou na pandemia, afirma nutricionista Fábia Campos
“Após a pandemia da Covid-19, aumentou em 50% o número de casos de pessoas com anorexia nervosa e compulsão alimentar”, afirmou a nutricionista Fábia Campos, durante o I Ciclo de Palestras em Nutrição, realizado na PUC-Rio, no dia 04 de julho deste ano.
Por Carolina Lopes Bottino
Atualmente, 70 milhões de pessoas no mudo sofrem com algum tipo de distúrbio alimentar ou de imagem, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 1 em cada 5 jovens de 6 a 18 anos apresenta sintomas dessas doenças. Na população feminina, a incidência é maior, estando associada às perspectivas dos padrões de beleza e pressão estética.
Durante a pandemia da Covid-19, a ansiedade e falta de controle das situações foram fatores cruciais para o impulsionamento da anorexia nervosa e da compulsão alimentar. “A anorexia nervosa e o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) muitas vezes são diagnósticos em comum no indivíduo, pois a necessidade excessiva de controle é característica”, revelou a especialista que atua como coordenadora da Nutrição no Serviço de Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
A nutricionista explicou que existe uma relação de amor e ódio com a comida, pois muitas vezes o paciente que deseja emagrecer inicia o jejum de maneira inadequada, sem acompanhamento médico, e após um longo período sem se alimentar come uma grande quantidade de comida de maneira descontrolada, o que desencadeia esse método compensatório. No período pandêmico isso se agravou, pois as pessoas ficaram mais tempo em casa sozinhas, interagindo com outros indivíduos no meio online sem terem expostas sua aparência corporal. Esses fatores, somados à ansiedade devido ao isolamento, agravaram os quadros de transtornos alimentares.
De acordo com a palestrante, o papel da família é crucial para a recuperação do indivíduo. O não julgamento, a compreensão do problema e o acolhimento são maneiras de ajudar o paciente durante esse processo. Além disso, o papel do nutricionista junto à equipe psiquiátrica é essencial. Prescrever rotinas alimentares que se alinhem ao tratamento e a busca por uma abordagem humanizada é o ideal.