Impactos da Inteligência Artificial na saúde

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por Isabelle Bernardes

86% das empresas prestadoras de serviços de saúde, ciências biológicas e fornecedoras de tecnologia de saúde estão utilizando tecnologia da inteligência artificial, de acordo com relatório da CB Insights. Até 2020, essas empresas irão gastar uma média de 54 milhões de dólares em projetos de inteligência artificial.

Próteses robóticas, prontuários eletrônicos, diagnósticos precisos emitidos por robôs e cirurgias robóticas são exemplos reais dos benefícios da atuação da inteligência artificial (IA) na saúde. O poder transformador da IA está reverberando em muitos setores, e seu impacto na saúde promete trazer mudanças na vida da população. Do atendimento hospitalar à pesquisa clínica, passando pelo desenvolvimento de medicamentos seguros, os softwares de IA estão revolucionando a forma como o setor de saúde trabalha para reduzir os gastos e melhorar os resultados dos pacientes.

“Um dos tratamentos mais eficazes utilizados hoje para transtornos neurocognitivos são feitos por computadores que interagem com o cérebro do paciente para melhorar as funções cognitivas. São exercícios feitos pela interação da mente do indivíduo com a inteligência artificial, que através de algoritmos, consegue estimular a neurogênese do cérebro para compensar os neurônios perdidos”, explica o Professor Jorge Alberto Costa e Silva, presidente da Academia Nacional de Medicina e Professor Benemérito do curso de pós-graduação em Psiquiatria da PUC-Rio

De acordo com a empresa global de consultoria de gestão Accenture, as principais aplicações de inteligência artificial poderão resultar em economias anuais de 150 bilhões de dólares até 2026. Especialistas acreditam que dentro de uma década a IA irá reformular fundamentalmente o cenário da saúde. Benefícios desde operações automatizadas, cirurgias de precisão e intervenções médicas preventivas, graças a diagnósticos preditivos, que prometem mudar a vida das pessoas.

“Com a utilização da IA há uma aceleração do processo de laudo e interpretação de imagens, os resultados já vêm pré-avaliados pelos algoritmos da máquina e já propõem ao médico determinados problemas que devem ser analisados”, explica o Presidente da Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro, Dr. Bernardo Tessarollo.

O hospital 9 de julho, em São Paulo, foi o primeiro hospital do mundo a utilizar inteligência artificial para ampliar a segurança dos pacientes. O sistema que foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Avançada (ATL) da Microsoft é responsável pelo monitoramento dos pacientes por meio de sensores inteligentes que detectam movimentações fora do padrão em tempo real (como uma perna para fora ou a grade do leito abaixada), por meio do machine learning. Esta é uma maneira de diminuir a taxa de queda de pacientes em hospitais, que varia de 3 a 5 por cada 1.000 pessoas internadas por dia.

O Tensorflow, criado pelo Google em 2015, tem como objetivo ser uma biblioteca de códigos para auxiliar a IA. Na Medicina, o sistema auxilia no diagnóstico de doenças pelo reconhecimento de imagens. O primeiro diagnóstico feito pelo sistema foi de retinopatia diabética, o mesmo possibilitou que o robô realizasse a triagem e determinasse quais eram as prioridades de atendimento dentre os pacientes que estavam na fila das unidades de emergência. A IBM também desenvolveu um programa de IA, chamado de Watson, que utilizando a tecnologia do Deep Learning, consegue auxiliar no tratamento do câncer. O programa utiliza dados clínicos e genéticos fornecidos pelos pacientes para indicar possíveis tratamentos disponíveis.

Exames que demandam essencialmente análise de imagens, como raios X e ressonância magnética, conseguem ser analisados mais rapidamente pela máquina do que por um ser humano, pois a máquina ao ser programada, consegue detectar diversos padrões específicos em segundos. Por exemplo, um sistema criado na França e na Alemanha já consegue detectar um câncer de pele com 95 % de precisão. Já um sistema de DeepMind, do Google consegue detectar com precisão superior ao médico mais de 50 tipos de doenças nos olhos.

“A maior mudança que a inteligência artificial vai gerar na saúde está relacionada a transformação do papel do médico. Quem se limitar a ser um leitor de exames, vai acabar perdendo espaço na Medicina. Hoje em dia é importante que o médico assuma um papel de liderança perante a tecnologia e saiba utilizar a inteligência artificial a seu favor, como algo complementar ao seu trabalho. A relação médico-paciente é de extrema importância para uma melhor participação no desenvolvimento de um diagnóstico mais preciso”, alerta o radiologista e diretor da empresa TeleLaudo, Felipe Niremberg, especialista em telerradiologia.