Interior do Rio de Janeiro registra novos casos de malária

por Isabela Dias de Oliveira

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O mês de março começou com uma surpreendente notificação de 18 casos confirmados de malária no estado do Rio de Janeiro. Apesar de representar mais que o dobro do número de vítimas registradas no ano passado, a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde descarta a hipótese de um surto de malária.

A Superintendência afirma que o aumento do calor em áreas próximas a Mata Atlântica está sendo um dos fatores cruciais para o aumento do número de casos no estado. Em especial os munícipios de Nova Friburgo, Miguel Pereira e Petrópolis, reportaram 6, 4 e 2 casos, respectivamente, somente no início deste ano. O professor do curso de Infectologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Prof. Rômulo Macambira, expõe que a situação também pode ser considerada um resultado da vida em situação precária muito encontrada na região estadual.

A malária tem como vetor de transmissão o mosquito, em especial tem como hospedeiro definitivo a fêmea do Anopheles, que a picada de mosquito alberga e inocula nos pacientes o protozoário causador da doença. A doença é típica de regiões tropicais e subtropicais, por conta do regime de chuvas intensas, pois a umidade e a temperatura constantemente elevadas favorecem a reprodução das larvas do mosquito transmissor.

A doença considerada como infectocontagiosa, tem como principais sintomas: dor de cabeça, febre, calafrios, dores articulares, anemia, icterícia, podendo chegar a convulsões. Entretanto, as manifestações podem variar dependendo do tipo de Plasmodium, gênero do protozoário causador da doença. “A regra é que o doente experimente crises periódicas: sensação de frio de aparecimento súbito, e em seguida calafrios, febre e sudorese. Essas manifestações acontecem a cada dois ou três dias, dependendo da espécie do Plasmodium. Esse quadro recorrente pode acontecer a cada 36 ou 48 horas quando a infecção é causada pelo P. Falciparum”, explica o Prof. Macambira.

Apesar de no Rio de Janeiro os pacientes terem sido diagnosticados com a doença causada pelo P. Vivax, a forma mais abranda da doença, todos os cuidados devem ser tomados. “Erradicar o mosquito e evitar a picada são medidas necessárias. O controle dos vetores e o uso de repelentes são fundamentais”, afirma o Prof. Macambira. A melhor forma de impedir a transmissão está em evitar a proliferação do mosquito, em especial melhorando as condições de saneamento básico em todo o Brasil.

A malária é uma doença considerada endêmica em algumas regiões da América, em partes da Ásia e grande parte da África. Estima-se que entre 85% e 90% das mortes causadas pela doença aconteçam na África Subsaariana. O Prof. Macambira confirma que diversas medidas estão sendo tomadas para o controle da doença: “Providências têm sido tomadas para erradicar a malária no mundo todo. A ‘Malaria No More’, organização de combate à essa doença, anunciou o esforço para erradicar a malária da África até este ano de 2015”.

No Brasil, o maior número de casos acontece na região Amazônica, no entanto, nos últimos 5 anos vem sendo registrados também nas regiões Serrana, Centro-Sul e Norte do estado do Rio de Janeiro. Em nota, a Superintendência afirmou a necessidade de deixar em alerta os moradores próximos das áreas remanescentes da Mata Atlântica.