Consumo excessivo de álcool pode levar a morte por intoxicação

por Anna Luiza Lira

As campanhas de conscientização para o consumo consciente de álcool destacam os riscos do consumo a longo prazo e as consequências que a ingestão de bebidas alcoólicas pode causar na direção. Entretanto, o que muitas pessoas não sabem é que a ingestão em excesso pode levar à morte, como aconteceu com o universitário Humberto Moura Fonseca, em São Paulo, no primeiro final de semana de março.

“A rápida ingestão de grandes doses de bebida alcoólica aumenta a concentração etílica no sangue sem dar tempo que o organismo metabolize o álcool, que deveria ser transformado em gás carbônico (saindo do corpo pela respiração) e em água (saindo pela urina)”, explicou o Dr. Paulo Olzon, clínico da Escola Paulista da Medicina (Unifesp), durante o programa Mais Você, da TV Globo. Ao não metabolizar o álcool, o cérebro pode sofrer uma intoxicação afetando diretamente funções vitais, podendo levar a óbito.

O consumo excessivo de álcool também pode levar a óbito por outros fatores, como por exemplo a broncoaspiração, ocasionada por respiração de vômito, mais comum quando a pessoa está em coma alcoólico. “Quando o indivíduo está em coma, ele não consegue reagir através da tosse, por exemplo, e o líquido que estava na região gástrica vai para o pulmão”, explicou o Prof. Eduardo Costa Barros, professor de Psiquiatria da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio.  

 “O paciente que fica em coma alcoólico por um longo período tem chances de desenvolver problemas neurológicos, pancreatite e até pneumonia (se o líquido chegar com bactéria do estômago)”, acrescentou o o Professor Costa Barros. Além disso, é importante ressaltar que todo problema pode deixar sequelas, como a destruição de uma parte do tecido cerebral devido à má oxigenação.

Não existe uma dose certa que cause essas consequências, pois depende dos fatores que cercam cada pessoa, como por exemplo, a genética e a comorbidade – quando o paciente sofre de outra doença simultaneamente. O Professor Costa Barros alerta para o uso do álcool associado com outras drogas: “quando ocorre mistura de bebida alcoólica com tabaco, cocaína, ou até remédio para dormir, ocorre a potencialização do álcool, podendo causar males ainda maiores”.

O coma alcoólico não tem um tempo determinado de duração, pois tudo depende do metabolismo da pessoa e da forma como ele vai reagir à quantidade de álcool no organismo. Ligar para o socorro e colocar o corpo de lado são dois procedimentos essenciais que devem ser realizados, assim os riscos de broncoaspiração e sufocamento são reduzidos enquanto se espera a ajuda médica.

O grupo dos consumidores de álcool pode ser divido em dois: os de uso abusivo e os de dependência. Aqueles que abusam, geralmente são pessoas que não têm o costume de fazer uso diário, e quando fazem, exageram. Para essas pessoas, geralmente ocorre alteração de comportamentos e complicações clínicas, podendo levar a quadros agudos. Já os dependentes, que fazem o uso diário, têm consequências diferentes, como a cirrose, gastrite crônica, polineuropatia, úlcera e até mesmo quadros psiquiátricos, como alucinações alcoólicas e delirium tremens, quando o paciente fica em abstinência de álcool.