O gene do superatleta: o quanto a genética pode influenciar na capacidade esportiva

por Rodrigo Yacoub

Com as Olimpíadas Rio 2016 acontecendo a todo vapor, muitos se questionam o que faz atletas como Michael Phelps, que conquistou seu vigésimo segundo ouro olímpico, serem o que são. Enquanto a maioria das pessoas atribui isso ao mérito pessoal – esforço, treinamento e perseverança -, o jornalista americano David Epstein descobriu que o DNA pode ter um papel fundamental para os superatletas.

Epstein escreveu o livro “A genética do Esporte” publicado no Brasil no fim de 2013 e revela que existe uma pré-disposição genética nestes superatletas. Um exemplo é o gene ACTN3, chamado gene Sprint, que influencia na performance esportiva. O gene é responsável por codificar uma proteína encontrada somente nas fibras musculares de contração rápida, usadas para velocidade e movimentos de explosão. Se alguém tem duas cópias da chamada ‘versão errada’ do ACTN3, não poderá atingir o mesmo que os que nasceram com o favorecimento genético.

Os cientistas progridem cada vez mais para descobrir o papel da genética em esportistas e quais características do DNA podem beneficiar diferentes esportes. Hoje já se sabe que alguns genes podem ser divididos em genes de resistência ou de força. Mas, de acordo com o autor, não existe um atleta perfeito. A probabilidade de alguém ter um genoma completamente favorável para alguma modalidade esportiva é menor do que de um quadrilhão (de pessoas?).

O jornalista ainda conta que, apesar do talento genético ser requerido, a maior parte das pessoas no mundo pode possuir um DNA favorável a alguma modalidade esportiva. Seus dados comprovaram que das sete bilhões de pessoas no mundo, seis bilhões possuem algum genoma que beneficia sua capacidade esportiva.

Mas nada disso é possível sem a prática. A influência da genética apenas ajuda que, com o treinamento adequado e a dedicação, o atleta consiga atingir este potencial. Um exemplo é o atleta de Bahamas, Donald Thomas, que conquistou o Mundial de 2007 em salto com vara masculino.  Em parte, pelo seu calcanhar extremamente longo – que o impulsionava, como uma mola, e pela sua dedicação por mais de 8 meses para aprimorar a sua habilidade.

Com descobertas como essa, o autor propõe que no futuro, testes que definam a presença de tais genes e suas propensões a modalidades esportivas sejam feitos para otimizar o treino dos atletas, ajudando-os a juntar suas paixões a sua capacidade genética, os tornando o melhor que podem ser.