Nova terapia promove melhores condições para crianças autistas
por Clara Pires
Pais de crianças com autismo avançado – que muitas vezes não conseguem se comunicar com as pessoas – são o foco de um novo tipo de tratamento desenvolvido por pesquisadores do Reino Unido. O estudo, publicado na revista científica The Lancet, sugere que as famílias aprendam truques de comunicação e interação com o filho(a) autista e se transformem em “superpais”. Assim, com o aprimoramento dos cuidados por parte dos parentes, as habilidades sociais da criança também se desenvolveriam.
Nos primeiros testes os resultados foram classificados como “extremamente animadores”. Neles, os pais brincaram com os filhos e depois assistiram a imagens gravadas do encontro enquanto especialistas davam dicas da melhor forma de desenvolver uma comunicação com eles durante esses momentos. Um tempo depois, as crianças começaram a falar mais.
Segundo Louisa Harrison, cujo filho Frank é autista, a terapia mostrou um progresso emocionante. “Alguns anos atrás, era uma interação silenciosa entre nós, mas agora ele puxa assunto. 'Mamãe, mamãe, olha, eles estão indo em uma ordem diferente'. Se você me dissesse que ele diria uma frase dessas há quatro anos eu teria chorado”.
O tratamento foi testado por 152 famílias com crianças autistas com cerca de três anos e que receberam o diagnóstico recentemente. Como os sintomas do autismo pioram com o aumento da idade, os cientistas dividiram as famílias em dois grupos para poder comparar os resultados. Um recebeu a terapia tradicional enquanto o outro recebeu a intensiva. Depois de seis anos de tratamento, o número de crianças com autismo severo do primeiro grupo aumentou 13%, chegando a um total de 63%. Já o do segundo grupo foi o oposto. A taxa de crianças autistas avançadas caiu 9% e parou em 46% do total.
De acordo com o psiquiatra e principal autor do estudo, Jonathan Green, a pesquisa apontou que em longo prazo o trabalho dos “superpais” pode trazer resultados ainda mais extraordinários e “sugere que o que eles conseguiram implantar na família foi mantido até mesmo depois do tratamento, o que é bastante promissor”. No entanto, a descoberta não é o mesmo que uma cura, já que mesmo as crianças que apresentaram melhoria continuaram tendo outros sintomas do autismo.