Dengue: sinais de alerta, tratamento e tudo o que você precisa saber
Saiba mais sobre a doença conferindo entrevista com o Dr. Bruno Scarpellini.
Por Nicole Rangel Correia
Que evitar focos de água parada, usar repelentes e telas protetoras contra o mosquito Aedes Aegypti é importante para prevenir a dengue, você provavelmente já sabe. Mas, será que você conhece as orientações corretas caso essas medidas preventivas não deem conta?
Para te ajudar nisso, o Departamento de Medicina e Saúde da PUC-Rio entrevistou o médico infectologista Dr. Bruno Scarpellini (CRM 5271607-3), que esclareceu dúvidas a respeito da doença e o que fazer quando se está infectado. Confira a seguir.
Tratamento
Doutor, quais medicamentos devem ser evitados em caso confirmado de dengue?
“Os que devem ser evitados são os derivados do salicilato (como aspirina e AAS) e anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno e nimesulida), porque podem facilitar sangramentos.”
Segundo o infectologista, o risco da ingestão desses medicamentos pode levar a duas complicações da doença: fenômenos hemorrágicos, já que ingerir esses remédios pode precipitar sangramentos, ou a saída de líquido para o “3° espaço”, também chamado de “Interstício”, que é tudo o que não é vaso (artéria e veia) ou tecido (como pulmão ou vesícula, por exemplo).
Além da medicação, o que fazer para diminuir os sintomas e tratar a doença?
“O paciente deve buscar acompanhamento médico, hidratação e exames laboratoriais”.
Quando questionado sobre o agravamento da doença, o doutor Bruno respondeu mencionando os 4 sorotipos circulantes no Brasil: “1 e 2 são mais presentes no Rio e 3 e 4, em São Paulo e Minas Gerais. Quanto mais infecções o paciente tiver por diferentes sorotipos, mais chances ele terá de desenvolver dengue hemorrágica”.
Sintomas
São exemplos de sintomas convencionais da doença a febre, dor muscular, mal estar e dor atrás dos olhos. Alguns que carecem de maior atenção e podem servir como “sinais de alerta”, contudo, são os sangramentos, desidratação e acúmulo de líquido, segundo o Dr. Bruno.
“A principal preocupação com a dengue é a evolução para quadros mais graves”, disse o médico.
De acordo com a Nota Técnica da Sociedade Brasileira de Imunização, os sinais de alerta que necessitam de intervenção médica urgente são: dor abdominal, vômitos persistentes, derrames cavitários, sangramento de mucosas, letargia e cansaço, hepatomegalia e aumento rápido do hematócrito com queda rápida do número de plaquetas.
Como a doença leva alguém a óbito?
“A dengue pode levar o paciente a óbito pelo sangramento e/ou saída pelo 3° espaço. É como o vírus da COVID, não acontece necessariamente pelo vírus, mas por sua agravação imunológica, gerando complicações como o choque hipovolêmico, por exemplo.”
Além disso, o médico também fez menção à Dengue Visceral: uma variante da dengue mais agressiva que se concentra em órgãos internos do corpo. Segundo o doutor, o fígado é o órgão mais comumente atingido, mas o cérebro, coração e pulmões também podem ser alvo da doença, por exemplo.
“Idosos, crianças (10-14 anos), pessoas com comorbidades e pessoas que já tiveram dengue são as que devem se preocupar mais”, explicou Dr. Bruno em relação ao “grupo de risco” do vírus da dengue.
Vacinação
Existem duas vacinas licenciadas no Brasil contra o vírus da dengue: Dengvaxia© (Sanofi Pasteur) e QDENGA© (Takeda). Ambas são vacinas tetravalentes de vírus vivo atenuado. Sua diferença, porém, é que a Dengvaxia (3 doses com o intervalo de 6 meses) é somente indicada para quem já teve dengue anteriormente, enquanto a QDENGA (2 doses com o intervalo de 3 meses) independe da pessoa ter sido infectada previamente.
“Gestantes, mulheres em período de amamentação, pessoas com imunodeficiência primária ou adquirida e pessoas com alergia à dose anterior não devem receber a vacina”, finaliza o médico.
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