Pesquisadores identificam mecanismos neuronais que controlam desejos alimentares durante a gravidez
Pesquisadores descobriram novas evidências sobre as alterações da atividade neuronal que impulsionam desejos em um modelo animal. O estudo publicado na revista Nature Metabolism aponta que durante a gravidez, o cérebro de camundongos fêmeas sofre alterações nas conexões funcionais dos circuitos de recompensa cerebral, bem como nos centros de sabor e sensorimotor. Além disso, assim como as mulheres grávidas, os camundongos femininos são mais sensíveis à comida doce, e desenvolvem comportamentos de compulsão alimentar em relação a alimentos de alta caloria.
A alteração dessas estruturas fez com que a equipe explorasse a via mesolmíbica, uma das vias de transmissão de sinal dos neurônios dopaminérgicos. A dopamina é um neurotransmissor fundamental em comportamentos motivacionais. A equipe observou os níveis de dopamina e a atividade de seu receptor, D2R, para aumentar no núcleo accumbens, uma região cerebral envolvida no circuito de recompensa. Esse achado sugere que a gravidez induz uma reorganização completa dos circuitos neurais mesolimbímbes através dos neurônios D2R. Essas células neuronais - e sua alteração - seriam responsáveis pelos desejos, uma vez que a ansiedade alimentar, típica durante a gravidez, desapareceu após bloquear sua atividade. Além disso, os pesquisadores descobriram que os desejos persistentes têm consequências para a prole. Eles afetam o metabolismo e o desenvolvimento de circuitos neurais que regulam a ingestão de alimentos, o que leva ao ganho de peso, ansiedade e distúrbios alimentares.
As conclusões do estudo poderiam contribuir para o aprimoramento das diretrizes nutricionais das gestantes, a fim de garantir uma alimentação pré-natal adequada e prevenir o desenvolvimento de doenças.