Variante Ômicron: mais transmissível, menos severa.
por Isabelle Bernardes
A variante Ômicron da Covid-19 consegue se replicar até 70 vezes mais rápido nas vias aéreas quando comparada a Delta. O estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong concluiu que apesar da variante se multiplicar mais, nos pulmões essa multiplicação é mais lenta. Isso pode explicar a alta taxa de contágio e os casos com menor gravidade. Os pesquisadores acreditam que as grandes diferenças na eficiência com que a Ômicron e outras variantes do coronavírus se multiplicam podem ajudar a prever os efeitos dessa nova variante.
O foco da pesquisa foi descobrir como a cepa se comporta quando entra em contato com diferentes tecidos do corpo. Eles descobriram que as vias aéreas são a principal área de transmissão, isso explica a maior transmissão. Por outro lado, a maior parte dos casos graves de COVID se originam em problemas pulmonares, como o órgão parece ser afetado mais lentamente, as infecções podem ter uma gravidade menor, como vem sendo registrado.
Os pesquisadores explicaram que a gravidade da doença em humanos não é necessariamente determinada apenas pela replicação do vírus, mas também pela resposta imune do hospedeiro à infecção, que pode levar à desregulação do sistema imunológico inato, ou seja, à ‘tempestade de citocinas’. Ao comparar a cepa para chegar a essa conclusão, os cientistas compararam a nova cepa Ômicron com a Delta e as versões “originais” do vírus. A equipe responsável pelo estudo observou que no período de 24 horas, houve a multiplicação até 70 vezes mais rápida da Ômicron nas vias aéreas e cerca de 10 vezes mais lenta nos tecidos pulmonares.
Os pesquisadores alertam que ao infectar muito mais pessoas, um vírus muito infeccioso pode causar doenças mais graves e morte, embora o próprio vírus possa ser menos patogênico. Ou seja, ainda que a nova cepa possa escapar parcialmente da proteção das vacinas e de infecções anteriores, é importante reforçar os cuidados.
Outro estudo publicado no no site bioRxiv montou um modelo estrutural de como a variante Ômicron se liga às células e anticorpos para descobrir seu comportamento e como seria possível projetar anticorpos neutralizantes. Utilizando modelos computadorizados da proteína spike na superfície da Ômicron, eles analisaram as interações moleculares que ocorrem quando a spike se agarra a uma proteína da superfície da célula chamada ACE2 – a porta de entrada do vírus na célula. A “anatomia molecular” desse enlace com a ACE2 pode ajudar a explicar como as mutações da Omicron cooperam para ajudar a infectar as células.
A equipe de pesquisa também modelou a spike com diferentes classes de anticorpos tentando atacá-la. Eles perceberam que os anticorpos atacavam de ângulos diferentes, como se alguns fossem “sacudidos” e outros permanecessem eficazes.
Segundo os pesquisadores, as doses de reforço da vacina aumentam os níveis de anticorpos, resultando em “mais defensores”, o que pode compensar, até certo ponto, “uma menor aderência de um anticorpo individual”.