Manifestações cutâneas relacionadas ao COVID-19

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por Isabelle Bernardes

Estudo prospectivo publicado no Journal of the European Academy of Dermatology sugere que pacientes internados por complicações pela Covid-19 podem desenvolver lesões dermatológicas. Os pesquisadores italianos, responsáveis pelo estudo, afirmam ter encontrado alterações dermatológicas em 20% de um grupo de 88 italianos infectados pelo coronavírus.

 As alterações mais encontradas nos pacientes infectados foram classificadas como:

- Áreas acrais do eritema, como vesículas ou pústulas (pseudo-frieira) (19%);

-Outras erupções vesiculares (9%) apareceram no início da doença, 15% antes de outros sintomas:

- Lesões urticárias (19%);

- Erupções maculopapulares (47%);

- Livedo ou necrose (6%).

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Outro tipo de lesão comum encontrada nos pacientes foram lábios e rosto azulados. O coordenador do curso de pós-graduação em Dermatologia da PUC-Rio, Prof. David Azulay, explicou que com frequência os pacientes com COVID-19 apresentam uma taxa de oxidação baixa e que esse tipo de sintoma (extremidades azuladas) é característico de Cianose.

“Este é um caso semelhante ao de um alpinista que acaba sofrendo necrose de extremidade por estar escalando por muito tempo em baixas temperaturas. Esse tipo de quadro é reversível, porém se mantido por muito tempo pode levar a uma gangrena do dreno”, exemplifica o professor.

Professor Azulay explica que, para entender se essas lesões são causadas pelo coronavírus, é necessário que já exista um contexto da doença. “Dificilmente você fará o diagnóstico de COVID-19 através de alterações na pele. Ainda não temos números de quantos por centos dos infectados desenvolveram lesões cutâneas. Porém, é quase certo que quem desenvolver formas mais graves, como por exemplo as vasculites, estará apresentando formas mais violentas da Covid-19”, diz o coordenador.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia avaliou diversas publicações já conduzidas e ressaltou que ainda é cedo para tirar uma conclusão definitiva sobre o tema devido às limitações do estudo, como sua proporção e possíveis falhas metodológicas. A ausência de imagens e biópsias que comprovem a relação com o vírus não permite a avaliação aprofundada das lesões. A conclusão feita pela SBD é de que, apesar das suspeitas, as alterações na pele ainda não podem ser consideradas indícios de COVID-19. Entretanto, a SBD pede aos médicos e dermatologistas que documentem com precisão as possíveis lesões observadas em vítimas do coronavírus para entender melhor a relação entre essas alterações na pele e a COVID-19.

Links relacionados:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jdv.16387]

https://www.sbd.org.br/mm/cms/2020/04/21/artigo-manifestacoes-pele-dr-paulo-criado-revisado-final.pdf