A importância do Dezembro Laranja
por Isabelle Bernardes
Em 2014 a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou o movimento “Dezembro Laranja”, que tem como objetivo estimular a população na prevenção e no diagnóstico do câncer de pele. O mês de dezembro foi escolhido, pois marca o inicio do verão, com isso há um aumento na exposição à radiação solar.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 os números de câncer de pele no Brasil são alarmantes e a doença corresponde a 27% de todos os tumores malignos no país, sendo os carcinomas basocelular e espinocelular (não melanoma) responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. A pesquisa também aponta que o câncer de pele melanoma tem 8,4 mil casos novos anualmente.
O melanoma constitui 4,5% dos casos de câncer de pele, porém causa 43% das mortes. Esse tipo de câncer é caracterizado por uma formação de células malignas a partir dos melanócitos, células que dão cor a pele. A Sociedade Brasileira de Melanoma ressalta a necessidade de se manter atento as mudanças na aparência de pintas ou sinais, pois pode significar uma transformação em melanoma. Esse tipo de câncer de pele pode ser transmitido de forma hereditária, através de suas mutações genéticas.
A campanha da SBD de 2020 busca destacar que os hábitos de exposição solar na infância podem influenciar tanto no envelhecimento quanto no desenvolvimento do câncer de pele. Por isso, eles alertam para a importância de desenvolver desde cedo hábitos de foto proteção, como por exemplo, uso de chapéu ou boné, óculos de sol, blusas de proteção UV, preferir a sombra, evitar exposição solar entre 9h e 15h, usar filtro solar com FPS igual ou superior a 30 e reaplicar a cada duas horas ou sempre que tiver contato com a água.
Existem muitas pesquisas científicas que relacionam a vitamina D ao sol, e sua absorção naturalmente, sem a necessidade de suplementação. As duas formas de obtenção da vitamina, sem a suplementação, são por meio da alimentação e do sol. De acordo com o Institute of Medicine (IOM), que emite as recomendações dietéticas nos EUA e Canadá, sugere o consumo de 600 UI (unidades internacionais) de vitamina D por dia. Já a Sociedade Brasileira de Dermatologia sugere que o sol é bem mais eficiente, visto que a exposição direta das pernas e braços sem protetor, garantem cerca de 3000 UI.
“Uma vida sem sol é impraticável. Sol é energia, porém é necessário balancear essa exposição. Sabemos que o sol ajuda na regulação das taxas de vitamina D no corpo, porém a quantidade de sol que necessitamos é ínfima, não precisamos tomar sol durante um longo período. Basta manter sua rotina, caminhar até o supermercado por 10 ou 15 minutos, que já será o suficiente para sintetizar a vitamina D”, alerta o prof. David Azulay, coordenador da pós-graduação em Dermatologia da PUC-Rio.
Um levantamento recente divulgado pela SBD constatou que houve uma queda de 48% nos exames realizados para detectar o câncer de pele em 2020 em relação ao ano passado. Enquanto entre janeiro e setembro de 2019 foram feitos 210.032 testes, neste ano foram realizados 109.525 exames no mesmo período. Foi observado que a queda foi especialmente entre mulheres e pessoas entre 10 e 54 anos.
O diagnóstico do câncer de pele é mais complicado em casos muito precoces, porém hoje em dia o diagnóstico não é fundamentado apenas através do exame clínico. O Prof. David Azulay ressaltou a existência de um aparelho chamado dermatoscópio, que aumenta em 20 vezes o tamanho da lesão, ajudando a criar critérios que norteiam o modo de condução do tratamento.
“O Instituto de Dermatologia Rubens David Azulay está de portas abertas para ajudar a todos. Nosso serviço de Dermatologia fica instalado na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, onde abriga o curso de pós-graduação em Dermatologia da PUC-Rio”, conclui o coordenador David Azulay.