Importância da avaliação oftalmológica antes de confeccionar um óculos

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por Isabelle Bernardes

Comercializados sem receita médica e sem nenhuma garantia de qualidade, os óculos de grau são comumente vendidos nos camelôs a preços bem mais atrativos. Embora estejam sendo amplamente distribuídos, a falta de uma avaliação oftalmológica correta preocupa os especialistas em saúde ocular.

Esses tipos de óculos pré-prontos são confeccionados de maneira padronizada, possuindo o mesmo grau fixo nas duas lentes e não fornecem nenhum tipo de correção para eventuais problemas que a pessoa possa ter. Esses óculos funcionam como suporte de leitura, porém não atendem às necessidades individuais de cada olho e acabam trazendo inúmeros desconfortos, com dores de cabeça, sono, cansaço durante a leitura e eventualmente náuseas.

A coordenadora do curso de pós-graduação em Oftalmologia da PUC-Rio, Profª. Renata Rezende, ressalta a necessidade das pessoas passarem por uma avaliação e orientação com um oftalmologista para prevenir e possivelmente tratar problemas assintomáticos e que podem causar danos irreversíveis.

“O uso deste tipo de óculos pode prejudicar a visão de profundidade, porque não dá o foco necessário para cada olho e isso pode piorar a função binocular. Além disso, o fato de não haver uma avaliação para determinar o grau ideal para pessoa, pode fazer com que ela se acostume com um grau maior do que ela necessita, e isso é muito difícil reverter. Durante a avaliação oftalmológica é necessário medir a pressão ocular, o fundo do olho, checar se possui algum grau de astigmatismo, catarata ou algum tumor. A partir deste exame o médico consegue descobrir inúmeros problemas visuais, que muitas vezes são assintomáticos”, afirma a oftalmologista.

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Quando é necessário procurar um oftalmologista?

De acordo com a Profª. Renata Rezende, a queixa visual, na maioria das vezes, é o que leva o paciente ao oftalmologista. Porém, existem alguns momentos da vida que demandam mais atenção a visão.

Nos primeiros anos de vida a criança deve frequentar o oftalmologista para avaliar o desenvolvimento visual. Assim que nasce, o bebê faz o teste do olhinho, que avalia o reflexo da retina, e se por acaso for constatado alguma alteração é preciso fazer um exame oftalmológico, para descartar possibilidades de catarata congênita e tumores.

“Se a criança não for diagnosticada com estrabismo e possuir um bom teste do olhinho, ela só precisa retornar com mais ou menos quatro anos de idade para avaliar se cada olho tem visão semelhante. Com essa idade não é possível fazer exames muito detalhados, porém é necessário fazer a avaliação para checar se há uma diferença de grau (anisometropia). O desenvolvimento visual normalmente acontece até os 7 ou 8 anos de idade. Por isso é extremamente importante avaliar se a criança possui alguma diferença de grau para tratar enquanto ainda há desenvolvimento pois é possível corrigir melhor as diferenças oculares”, alerta a oftalmologista Renata Rezende.

Durante a alfabetização, é necessário a visita oftalmológica para também checar o desenvolvimento da visão e se há a diferença de grau. “Esse é um momento muito importante para orientação. Nessa época, eles estão estudando muito, às vezes ficam debruçados em cima dos livros, utilizando muito celular e computador. Então é extremamente importante orientar o tempo de uso de tela e distância de trabalho. É recomendado que haja a distância no mínimo de um braço a 90°. Se não houver esse cuidado, o risco da criança se tornar míope é enorme. Isso ocorre porque o olho precisa contrair muito para focalizar bem perto e o músculo que contrai é circunferencial, ou seja, ele contrai e o olho alonga, causando a miopia”, explica a professora.

Após passar essa etapa, a visita oftalmológica varia de acordo com a necessidade e histórico familiar do paciente. Em casos de pacientes que possuem histórico de glaucoma, alguma doença sistêmica associada, é diabético, hipertenso, ou tem algum tipo de fator preocupante, é necessária a avaliação para determinar a frequência em que o paciente necessita ir ao oftalmologista.

Se o paciente em torno dos 20 e poucos anos não apresentou diferença de grau ocular, não possui pressão alta, não tem histórico familiar e nenhuma doença, ele só vai precisar retornar ao oftalmologista após os 40 anos, quando começar a sentir a vista cansada.

 
 

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O uso de smartphones prejudica a visão?

“O uso de smartphones durante muitas horas pode aumentar a prevalência da miopia por conta da distância. Além disso, a luz de led emitida pelas telas possuem um feixe de luz azul que é nocivo para visão e interfere no ciclo de melatonina do corpo, ou seja, piora a qualidade do sono. Na verdade, ainda não se sabe ao certo o efeito nocivo a longo prazo que essa luz pode causar a retina. Porém, teoricamente, acredita-se que exista um provável dano em quem já possui uma suscetibilidade para problemas de retina”, explica a oftalmologista Dra. Renata Rezende

 
 
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Programa Visão do Bem

Este ano o Ambulatório São Lucas iniciou uma parceria com o programa visão do bem, que busca tornar mais acessível o uso de óculos de grau de maneira adequada. Essa parceria possibilita que os pacientes que passaram pelos oftalmologistas consigam comprar um óculos adequado e com um preço acessível.

Esse projeto social capacita mulheres desempregadas e que são influentes em suas comunidades para que elas vendam os óculos e consigam gerar sua própria renda familiar, impactando assim a sua vida e trazendo inclusão social para moradores das comunidades.