Sarampo e poliomielite voltam a preocupar
Depois de anos erradicado no Brasil, foram registrados novos casos de sarampo em alguns estados. A cobertura de vacinação da população contra sarampo e poliomielite está abaixo do esperado e por isso o governo realizou no mês de agosto uma nova campanha contra essas doenças. Em 2018, já foram 1.237 casos de sarampo confirmados no território nacional. Quanto à pólio, estratégias como a campanha tratam-se de uma precaução, uma vez que diversas cidades estão abaixo da meta proposta pelo governo para o controle da doença. Além disso, um caso foi registrado na Venezuela em junho deste ano, e os fluxos migratórios podem significar novos casos no Brasil. A meta era imunizar 95% da população, mas a cobertura está em pouco acima de 50%.
O sarampo era uma doença considerada erradicada no Brasil pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2016, mas este cenário mudou em 2018. A doença, altamente contagiosa, é grave e transmitida pela fala, tosse e espirro, e os boletins recentes da entidade anunciam que um surto está em curso no país. Possíveis complicações podem causar sequelas graves ou até levar à morte. Os sintomas são, geralmente, febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, tosse, coriza e conjuntivite.
Já a poliomielite está erradicada desde 1994, mas o Ministério da Saúde adverte que existe um risco grande de retorno da doença em 312 cidades brasileiras. Ela é responsável pela paralisia infantil, e a baixa cobertura vacinal pode permitir que surjam novos casos, uma vez que em um grupo não imunizado, uma única pessoa doente pode causar um surto. O contágio acontece através de um vírus que vive no intestino, chamado Poliovírus. A transmissão se dá pela boca, com material contaminado com fezes ou com gotículas expelidas pela pessoa infectada ao falar, tossir ou espirrar.
Nenhuma das doenças possui tratamento específico além de, no caso do sarampo, ser indicada a administração de vitamina A para prevenir casos mais graves. Tanto a pólio quanto o sarampo são doenças virais, que, após o ciclo do vírus, se “curam sozinhas” caso não haja complicações. A única forma de prevenção é a vacinação, que tem enfrentado as menores taxas dos últimos anos, o que pode explicar o surto em determinados estados brasileiros, como Amazonas e Roraima.
Para combater a baixa cobertura vacinal, o Ministério da Saúde trabalha junto com os governos estaduais e municipais para fortalecer a campanha de vacinação. As vacinas podem ser administradas em pessoas de 6 meses a 49 anos de idade. Segundo a OMS, o necessário para conter o surto e evitar novos casos é manter uma vacinação homogênea de 95% da população. No Brasil, segundo dados da última atualização do Ministério da Saúde, apenas 62% das crianças em todo país receberam a vacina contra essas doenças até o dia 24 de agosto. Em nota, a OMS afirmou estar ajudando o governo brasileiro no fornecimento de seringas, na compra de materiais para manter as doses na temperatura adequada, na contratação de profissionais e no envio de especialistas.
Vacinação
A campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite está na reta final, acabando no dia 31 de agosto. Para a pólio, a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) será administrada nas crianças que ainda não receberam nenhuma dose da vacina. Aqueles que já tiverem tomado uma ou mais doses receberão a gotinha conhecida como VOP – Vacina Oral Poliomielite. Quanto ao sarampo, todas as crianças receberão uma dose da vacina tríplice viral – que, além do sarampo, protege contra a caxumba e a rubéola – independente da situação vacinal.
Para o calendário regular de vacinação, clique aqui.
Protocolo para casos suspeitos de sarampo
Com a ocorrência de surtos de sarampo em alguns estados, é importante que os profissionais de saúde estejam preparados e conscientes do protocolo para os casos suspeitos, possibilitando a detecção oportuna e a tomada de ações de controle. Ao mesmo tempo, a população deve estar alerta para os sintomas e procurar imediatamente o serviço de saúde.
Para caracterizar um caso suspeito de sarampo, o paciente deve apresentar febre e manchas avermelhadas, acompanhadas de tosse, coriza e/ou conjuntivite, independente da idade e situação vacinal. Caso identifique um paciente com estes sintomas, o profissional deve notificar à Secretaria Municipal de Saúde nas primeiras 24 horas para que o caso possa ser investigado, e para que a instituição possa contatar e promover a vacinação dos contatos susceptíveis em até 72 horas.