Candidíase é mais frequente no verão

por Ana Luísa Nunes

A candidíase é uma infecção fúngica relacionada principalmente é fragilidade imunológica. Pode afetar variadas partes do corpo, mas se manifesta com maior frequência na boca e nos órgãos genitais. Como infecção vaginal, não é considerada grave: aproximadamente 75% das mulheres terão candidíase ao menos uma vez na vida, mas os homens também podem ser acometidos. Mulheres idosas e grávidas são mais suscetíveis devido, respectivamente, a maior fragilidade do tecido vaginal e ao aumento das doses de estrogênio no organismo, o que favorece a proliferação da Candida, fungo causador da infecção.

"A Candida é um habitante natural do organismo, em especial da flora vaginal. Ela se torna patogênica quando ocorre uma multiplicação excessiva causada por algum desequilíbrio imunológico", esclarece o Prof. Marcelo Lemgruber, coordenador do curso de Pós-Graduação em Ginecologia da PUC-Rio. O uso de medicamentos imunossupressores, antibióticos de largo espectro e corticoides, quimioterapia, alergias e doenças autoimunes estão entre os fatores que causam debilidade imunológica.

Em pacientes com a saúde previamente comprometida, como portadores de HIV, a candidíase pode atingir uma gravidade maior, tornando-se sistêmica, chegando a acometer órgãos internos. A diabetes também contribui para a incidência de candidíase devido ao aumento do glicogênio nas células dos tecidos vaginais, o que provoca um desequilíbrio na acidez natural que protege a vagina de infecções. Também é possível a transmissão via contato sexual.

A candidíase é facilmente diagnosticável por seus sintomas. Nas mulheres, os principais são corrimento esbranquiçado, coceira, dor nas relações sexuais, ardor e vermelhidão. Nos homens, inchaço no órgão genital, assadura na glande e dor durante o contato íntimo são os mais comuns. O diagnóstico também pode ser feito por meio de análise da secreção vaginal ou exame preventivo.

80% dos casos são provocados pela Candida albicans e 20% por outros tipos de Candida. O tratamento costuma ser o mesmo, baseado em medicamentos via oral de dose única ou cremes para aplicação localizada, que podem ser utilizados de 5 a 7 dias, de acordo com a recomendação médica. Nos casos de candidíase recidiva, ou de repetição, o Prof. Lemgruber recomenda uma pesquisa imunológica para identificar a causa da pré-disposição à infecção. "Também é recomendável examinar o parceiro, pois a causa pode estar relacionada a fatores externos", alerta Lemgruber. O tratamento será decidido de acordo com o resultado dos exames.

No verão, a incidência da candidíase aumenta devido Ai??s altas temperaturas associadas ao abafamento da região íntima provocado por roupas justas, principalmente os tecidos sintéticos, que retém umidade. Permanecer muito tempo com biquíni molhado também favorece a proliferação do fungo. Usar roupas de tecidos naturais como algodão (principalmente roupa íntima) e fazer uma higiene genital adequada com produtos que equilibram a flora vaginal são medidas preventivas. De acordo com o Prof. Lemgruber, não há comprovação de que a alimentação influencie no pH da vagina, ou de que o consumo de certos alimentos evite ou propicie a candidíase.