Estudo afirma que chocolate causa melhora cerebral

Por Rodrigo Yacoub

Pesquisa americana com início em 1970 sugere ligação entre consumo de chocolate e a melhora da função cognitiva cerebral. A pesquisa original era chamada de “Syracuse Longitudinal Study” e tinha como objetivo inicial observar a ligação entre a pressão sanguínea e o desempenho do cérebro, mas logo os pesquisadores resolveram ampliar o estudo e observar outros fatores de risco cardiovascular, incluindo diabetes, obesidade e fumo.

O estudo, que durou 30 anos, analisou mais de mil pessoas e teve sete coletas de dados ao todo, feitas com cinco anos de intervalo. A pesquisadora especializada em nutrição, Georgina Crichton, da Universidade do Sul da Austrália, revisou a pesquisa e fez descobertas significativas. Analisando os questionários de hábitos alimentares dos participantes, ela descobriu a associação do consumo de chocolate, pelo menos uma vez na semana, independente da porcentagem de cacau, com uma melhora no desempenho cognitivo dos participantes.

Entre os aspectos analisados estavam memória verbal, memória visual e espacial, organização do raciocínio abstrato, além da habilidade de recordar uma lista de palavras ou onde um objeto foi colocado. Crichton ainda ressalta que, exceto pela memória funcional, o controle feito pelos pesquisadores dos fatores cardiovasculares não influenciou na dieta e no estilo de vida dos pacientes. Isso significa que a relação entre consumo de chocolate e cognição era notável independentemente de fatores como idade, sexo, nível de educação, colesterol, glicose, pressão sanguínea, energia total e consumo de álcool.

Apesar dos benefícios do cacau e dos flavonoides - substância com ação antioxidante - na saúde cardiovascular já serem conhecidos, não existia associação entre o chocolate e a neurocognição – até agora. O autor principal da pesquisa original, Merrill Elias, confirma a atuação do consumo de chocolate na melhora da habilidade cognitiva, mas diz não ser possível definir a causa desse aumento.