Antidepressivos deveriam ser usados em pacientes que não estão deprimidos?

por Rodrigo Yacoub

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Cada vez mais pessoas entram em depressão e para ajudá-los, médicos receitam antidepressivos. Mas novo estudo revela que alguns médicos estão prescrevendo-os para outras situações, que não relacionadas à depressão.

Publicada na revista "JAMA", a pesquisa analisou registros médicos eletrônicos para a prescrição dos medicamentos durante quase 10 anos. Os resultados mostraram que cerca de 160 médicos prescreveram mais de 100 mil receitas para cerca de 20 mil pessoas.

Segundo os dados, em torno de 50% das receitas foram feitas para desordens que não foram classificadas como depressão. Estão entre as desordens problemas como: ansiedade, insônia, dor, distúrbios de déficit de atenção (ADD) e até mesmo bulimia.

A autora do estudo, Jenna Wong, da Universidade McGill, no Canadá, foi quem confirmou as suspeitas, em entrevista com a revista americana Time. “Tínhamos ouvido que na comunidade científica tem havido uma suspeita entre os médicos que alguns deles comumente receitam antidepressivos para outros usos. Descobrimos também que para as principais classes de antidepressivos houve uma tendência de prescrição de aumento ao longo do tempo".

As novas descobertas levantaram preocupação entre os autores, pois o uso de antidepressivos para outras desordens que não a depressão, torna mais difícil tomar como base estas estatísticas para definir a ordem de crescimento que a depressão teve nos últimos anos. De acordo com Wong, os dados se tornam “deformados”.

A pesquisadora também chama atenção para o fato de que não existem evidências científicas suficientes para o uso do medicamento para certos diagnósticos, como ADD e enxaqueca. Wong acredita que, apesar da pesquisa não ter examinado o porquê de os médicos estarem receitando os antidepressivos, suspeitam que pode ser uma medida de último recurso, já que algumas destas condições não têm “tratamento exato”.