Novos tratamentos do câncer de próstata

por Isabelle Bernardes

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Esse ano foi liberado no Brasil o uso da droga acetato de abiraterona para tratamento, principalmente, nos casos de câncer de próstata metastático resistentes a castração, que não respondem ao quimioterápico. Essa droga age através da inibição seletiva e irreversível da enzima CYP17, responsável pela síntese de androgênios na suprarrenal e no interior do tumor a partir do precursor pregnolona. Um estudo publicado na revista "The New England Journal of Medicine" mostrou que o uso da droga pode aumentar em até 36% a sobrevida de pacientes que não reagem às terapias atuais. Os autores da pesquisa afirmam que essa nova droga possui uma melhor adesão, pois funciona por via oral, facilitando o uso pelos pacientes, já que a maioria das terapias atuais precisa ser aplicada por injeção.

Segundo o urologista Daniel Dias, essa droga age na inibição da síntese de androgênios, que exercem efeitos de crescimento no CA de próstata. É comprovado uma melhora na sobrevida dos pacientes, porém é tradicionalmente utilizada como uma terapia de resgate. Os efeitos adversos normalmente estão relacionados a hepatotoxicidade e a hipertensão arterial relacionada ao efeito mineralocorticoide.

Outro agente que mudou o paradigma no tratamento do câncer de próstata avançado foi a enzalutamida, pois possui um mecanismo de ação diferente, se ligando ao receptor de androgênio dentro da célula, inibindo sua translocação para o núcleo e a ligação com a molécula de DNA. Assim, ela inibe a síntese de fatores essenciais para a multiplicação celular.

“As drogas da classe da enzalutamida, bicalutamida e apalutamida atuam no bloqueio do receptor androgênico. Em relação a bicalutamida, a enzalutamida tem a vantagem de não ter um efeito agonista inicial que a primeira tem”, aponta o Dr. Daniel Dias.

Uma nova técnica relacionada a radioterapia surgiu no mercado este ano. O tratamento chamado de radioterapia ultra hipofracionada permite reduzir o número de sessões de radioterapia contra o câncer de próstata de 40 sessões para apenas 5. Segundo o urologista, as vantagens desse tipo de tratamento são diminuição dos efeitos adversos, já que é exposto a uma menor carga de radiação. Além disso, esse tratamento também favorece a saúde pública, pois reduz o número de sessões necessárias, conseguindo tratar mais pacientes em menos tempo.

“De um modo geral, esse tratamento só é indicado para tumores restritos a próstata e de preferência de baixo risco (os menos agressivos), enquanto a RTX convencional é indicada para tumores de moderado e alto risco”, afirma o especialista.

 
 

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil – atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia, um em cada sete homens terão câncer de próstata em alguma fase da vida. É considerado um câncer da terceira idade, pois cerca de três em quatro casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Além da idade, fatores como histórico familiar e etnia influenciam no risco da doença. Quando diagnosticado e tratado no início, o risco de mortalidade diminui em 80%, com chance de cura.

Homens a partir dos 50 anos devem procurar um posto de saúde para realizar exames de rotina.